A face da mulher mais antiga das Américas - Unicap
A face da mulher mais antiga das Américas
A reconstituição em 3D foi realizada ao longo das últimas duas semanas pelo designer brasileiro Cícero Moraes, especialista em reconstituir digitalmente faces realistas de personalidades históricas e religiosas. "Eva de Naharon"como é conhecida, é a mulher mais antiga das Américas - pelo menos é o mais antigo fóssil humano encontrado no continente. Dezessete anos depois de ter seus restos mortais encontrados, a "Eva de Naharon" é apresentada com sua face real. Graças a um trabalho de reconstituição em 3D, o crânio dessa mulher ancestral, cuja ossada foi encontrada no México e que viveu há 13,6 mil anos, ganhou traços realistas que permitem ver como eram suas feições.
Em 2001, Del Río foi o descobridor da Eva de Naharon, quando mergulhava em uma expedição do Instituto Nacional de Arqueologia e História do México nas proximidades da cidade de Tulum, no Estado mexicano de Quintana Roo. A equipe explorava cenotes, cavidades naturais comuns na Península de Yucatán e pontos muito utilizados para rituais e sepultamentos pela civilização maia, povo pré-colombiano que habitou a região.
Os trabalhos se seguiram até 2002, com o recolhimento de resquícios arqueológicos e paleontológicos.
O esqueleto dessa mulher, batizada de "Eva de Naharon" - ganhou este nome porque foi encontrada no cenote de Naharon - estava a 22,6 metros de profundidade. E foi encontrado bem preservado, com 80% da estrutura original.
Uma série de análises foi realizada pela Universidade Nacional Autônoma do México para estimar dados sobre a mulher. Eva media 1,41 metro de altura e tinha de 20 a 25 anos quando morreu. Entre 2002 e 2008, três laboratórios diferentes fizeram testes de datação. A idade foi impressionante: com 13,6 mil anos, Eva de Naharon é o mais antigo fóssil humano encontrado nas Américas.
E, de certa forma, indica que houve outras migrações para o povoamento da América, antes do Estreito de Bering ter se convertido em uma "ponte" devido à Era do Gelo.
De acordo com pesquisas realizadas após a descoberta, Eva viveu na região de Yucatán e era caçadora-coletora. Não se sabe se ela foi levada para o labirinto de cavernas - na época, seco - antes ou depois de morta.
Estudos mostram que os cenotes se tornaram estruturas submersas após a Era do Gelo, quando o nível dos oceanos aumentou.
Del Río recorda-se que encontrar Eva exigiu um ano e meio de mergulhos na região. "O trabalho foi uma maratona. Todas as referências nos levaram a lugares escondidos dentro da caverna. Foram muitas horas mergulhando em locais e rotas dentro do sistema até que finalmente obtivemos uma referência precisa da localização dos restos mortais", conta.
"Quando finalmente encontramos o lugar e tive a sorte, juntamente com meu colega Eugenio Acevez, de me deparar com os restos do esqueleto de Naharon, vimos que certamente era um esqueleto humano", diz. "Mas não fazíamos a menor ideia de que se tratava do mais antigo fóssil humano já encontrado no continente."
A descoberta foi relatada ao Instituto Nacional de Antropologia e História do México e, cerca de um ano depois, dentro de um projeto de pesquisa específico, a coleta do material foi realizada - e então se iniciou o processo de análises e datação.
Atualmente, o fóssil está sob a guarda do instituto, com acesso restrito a pesquisadores.