As mudanças climáticas são alvo de um amplo projeto de pesquisa que está mobilizando doze instituições de ensino superior do Brasil, México, Colômbia, França, Bélgica, Espanha e Itália. A Universidade Católica de Pernambuco é uma das três representantes brasileiras ao lado das pontifícias universidades católicas do Paraná e Rio Grande do Sul.

Intitulado Laboratórios Climáticos: fortalecendo a pesquisa aplicada e a capacidade de Inovação na América Latina através de laboratórios de cocriação para mitigação e adaptação das mudanças climáticas, o projeto venceu o edital do Eramus +, órgão de fomento da União Europeia e que destinará cerca de um milhão de euros em recursos nos próximos três anos.

Uma das coordenadoras do projeto, a Profª Drª Cynthia Suassuna, conta que a Unicap foi convidada a fazer parte do consórcio que concorreu ao edital depois de ter participado de duas capacitações pela Ashoca, organização internacional sem fins lucrativos que surgiu em 1980 na Índia e que lidera um movimento global de transformação positiva na sociedade.

O edital Erasmus + visa a instalação de laboratórios em localidades da América Latina onde estão os centros de pesquisa parceiros para desenvolver estudos em diversas áreas a respeito das mudanças no clima. Na primeira fase, o Climate Lab da Católica vai funcionar em uma sala da própria Unicap, mas a expectativa é de que ele seja transferido para o Campus Beberibe, no limite entre Recife e Olinda, que vai reunir todos os projetos de extensão da Universidade.

“Temos alunos nossos, moradores da região, e que vão nos ajudar nessa articulação com o território”, afirma Cynthia. Os trabalhos já mobilizam 12 professores e mais de 20 alunos do Programa de Iniciação Científica (Pibic) e da pós-graduação das áreas da Arquitetura e Urbanismo, Direito, Engenharia, Fotografia, Jornalismo, Jogos Digitais, Economia e Administração.

Doutora em Desenvolvimento Urbano e mestra em Gestão e Políticas Ambientais pela Universidade Federal de Pernambuco, Cynthia explica que o projeto visa implantar os chamados Living Labs (laboratórios vivos em tradução livre). “A metodologia foi desenvolvida pela Universidade de Lorraine, na França. A ideia é aplicar o conceito de inovação social, melhorar a qualidade de vidas pessoas no geral com o recorte do clima. Pretendemos juntar os saberes comunitário e acadêmico para transformar realidades. É uma perspectiva decolonial de reconhecer um conhecimento que existe nas comunidades, nos países e, junto com esses saberes, a gente vai cocriar projetos que visem reduzir os impactos climáticos”.

Cynthia vem pesquisando os impactos das mudanças climáticas desde 2010 quando iniciou o doutorado e desenvolveu o Índice de Resiliência de Cidades, um sistema de 52 indicadores validados que avalia quanti e qualitativamente dimensões e atributos que podem contribuir na convivência ou redução de danos causados pelas mudanças no clima.

De acordo com dados do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), Recife ocupa a 16ª posição no ranking das cidades mais vulneráveis à mudança do clima no mundo.