HOMENAGEM DO PROF. MANOEL MORAES AO PROF. LUIS TENDERINI - Unicap
Homenagem do Prof. Manoel Moraes ao Prof. Luis Tenderini no Congresso Internacional de Direitos Humanos, Cultura de Paz e Segurança Pública e a 16ª Semana de Cultura de Paz” na UFPPE.
Biografia de Luigi Tenderini: Numa pequena aldeia das montanhas da Itália, em 22 de janeiro de 1943, nasceu Luigi Tenderini. Aos 25 anos, em 5 de novembro de 1968, o jesuíta atravessou o Atlântico e, depois de 13 dias, desembarcou no Brasil, na cidade do Rio de Janeiro-RJ, pensando em continuar seu caminho de formação para se tornar sacerdote, entretanto, com apenas duas semanas em Teresina (PI), recebeu a notícia que havia sido decretado o Ato Institucional N° 5, considerado o “golpe dentro do golpe” da ditadura civil-militar no Brasil, e, devido ao compromisso de Luigi com o Evangelho e com os mais pobres, o rumo da sua vida no Brasil tomou outra direção.
Após morar no Piauí, viajou novamente para residir no estado de São Paulo, onde se tornou metalúrgico e aderiu aos movimentos sindicais e populares, que além de reivindicarem pela dignidade dos trabalhadores e trabalhadoras, lutavam pelos direitos negados pelo regime ditatorial. Ademais, Luigi (ou Luís, como ficou conhecido no Brasil) participou ainda dos movimentos operários católicos, assessorados por Dom Paulo Evaristo Cardeal Arns, os quais foram embriões da Teologia da Libertação no Brasil e na América Latina. Devido ao seu engajamento político, Tenderini foi sequestrado, preso e torturado, por meio de choques elétricos e do “pau de arara” (método de tortura que consiste em pendurar o torturado pelos joelhos em uma barra horizontal, com as mãos amarradas junto às canelas, causando fortes dores em todo o corpo e o deixando totalmente vulnerável a espancamentos, choques e outras violações físicas e psicológicas), no DOI-CODI de São Paulo.
Em 1979, Luigi recebeu um convite de um grupo de trabalhadores do Nordeste e se mudou com a sua família para o Recife-PE, onde foi um dos fundadores do CENAP (Centro de Educação Popular do Nordeste), do CENDHEC (Centro de Estudos Dom Helder Câmara) e membro da Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese do Recife, a qual presidiu por indicação do então Arcebispo de Olinda e Recife e seu parceiro e amigo nas lutas populares, Dom Helder Câmara. Em março de 1989, após denunciar na imprensa local a ação dos grupos de extermínio (esquadrões da morte), Luís sofreu outro sequestro e foi novamente torturado.
Na cidade que, no início do século XXI, o concedeu o título de cidadão honorário, Recife, Luís Tenderini fundou, ao lado de Dom Helder, em 16 de agosto de 1996, a Associação dos Trapeiros de Emaús (ou simplesmente "Trapeiros de Emaús", como é mais conhecida), a qual é uma das 400 comunidades Emaús, espalhadas em 40 países do mundo, filiadas a Emaús Internacional, movimento fundado na França pelo Abbe Pierre, em 1949. E, desde a fundação, Luís – que recebeu, da Presidência da República Italiana o reconhecimento “Estrela da Solidariedade” e a honorificência de cavalheiro - lidera a Associação, que já recebeu o Título de Utilidade Pública Municipal, concedido pela Câmara de Vereadores do Recife, a Medalha João Alfredo, do Tribunal Regional do Trabalho e a Medalha Leão do Norte, Mérito Ambiental, da Assembleia Legislativa do Estado de Pernambuco.