Publicado Por: Alessandro Douglas

Há quem diga que Educação Sexual é desnecessária e pode corromper a inocência da criança. Mas, contrário a tudo isso, os números crescentes de abuso de vulnerável mostram a necessidade de informar crianças, jovens e adolescentes, sem tabus e preconceitos, sobre sexo para combater a violência sexual. A educação sexual é uma questão de saúde pública e ensino básico, que anda em debates controversos no Brasil.

Por muito tempo, e ainda hoje, por falta de abertura para diálogo, foi considerado um tabu conversar com o público infanto-juvenil sobre sexo e sexualidade, por pensar que essa conversa seria guiada para o caminho do ato em si. Mas a educação sexual vem com o intuito de esclarecer e informar sobre qualquer coisa relacionada ao corpo e sexo de forma natural. Além de gerar um senso sobre a sexualidade e questões de gênero.

A conversa, aborda, na verdade, questões relacionadas às doenças sexualmente transmissíveis, gravidez na adolescência e principalmente sobre a questão do íntimo. para que o indivíduo fique atento onde “titio” e “titia” podem tocar ou não.

Grande parte das crianças, jovens e adolescentes é violada por parentes e pessoas próximas da família. O caso mais recente noticiado foi o da menina de 10 anos que sofria violência sexual desde os seus 6 anos de idade. O fato só foi descoberto porque a menina engravidou. Questionada, a criança informou que era abusada pelo seu próprio tio.

Episódios como esse escancaram uma triste realidade em nosso país, milhares de crianças são violentadas no seu próprio lar. O lugar onde deveria se sentir segura e acolhida, dá espaço para terror psicológico, assédio, abuso, estupro. Muitas crianças se sentem acanhadas de denunciar, visto que dariam mais credibilidade a um adulto.

Muitas vezes, a pessoa que é abusada desde a infância, não sabe que está sendo violada. Isso ocorre porque a criança não tem conhecimento sobre seu corpo, o que o torna ainda mais vulnerável a esse tipo de abuso. O eventual vínculo com o educador sexual, dá para as crianças abertura para que elas possam falar sobre abuso e fazer com que a denúncia seja feita.

A mestre em psicologia escolar e doutora em educação, Mary Neide Damico Figueiró, em entrevista ao site ECOA, explicou que “A educação sexual é toda oportunidade que a criança, o adolescente, ou qualquer outro indivíduo, tem de receber informações, esclarecimentos, sobre tudo que diz respeito ao seu corpo. Do desenvolvimento da sexualidade às questões de gênero. O principal objetivo é promover conhecimento sobre o corpo e o sexo de forma natural, positiva e sincera.” Contudo, os conceitos pré-estabelecidos pela sociedade tornam questões tão importantes como essa como um tabu.

Muitas famílias acreditam que a infância não é o momento certo para conversar sobre assuntos relacionados ao sexo ou a sexualidade, e preferem, erroneamente iludir as crianças com historinhas como a da cegonha. Acontece que esse é um assunto sempre deixado pra depois, e quando nos deparamos com uma realidade de gravidez indesejada, comportamentos abusivos, relações sexuais precoces e até mesmo estupro de vulnerável, nos questionamos: quando é o momento certo?

Segundo Mary Figueiró, a criança quando é bem informada fica menos vulnerável a sofrer abusos sexuais, “A criança bem esclarecida, que conhece o seu próprio corpo, que foi ensinada a partir, digamos, dos 4 anos, sobre suas partes íntimas, já sabe reconhecer qualquer aproximação inapropriada de um adulto”, explicou.

Matéria: Odara Hana / Micael Morais

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