Primeiro workshop internacional em Tecnologias do Design realiza intervenção no campus da Unicap

No último sábado, 6, alunos da Pós-Graduação em Tecnologias do Design, da Unicap Icam-Tech, participaram do encerramento do primeiro workshop do curso de especialização. O produto final do evento internacional consistiu em uma intervenção física e digital, planejada com tecnologias de design paramétrico, utilizando blocos de concreto fornecidos pela Concrepoxi Artefatos, parceira do curso. 

A construção coletiva encontra-se no campus da universidade, próximo à loja da Fundação Antônio Sanches Abranches (Fasa) e aos jardins da Biblioteca Central. Detalhes de todo o processo de concepção e de construção estão disponíveis à comunidade acadêmica e ao público em geral por meio da tecnologia: basta aproximar o celular e acessar o conteúdo pelo QR Code que se encontra no totem ao lado da instalação.

O workshop foi iniciado entre os dias 29 e 30 de janeiro e depois entre os dias 3 e 6 de fevereiro. O evento teve forte presença de material teórico e prático simultaneamente. As atividades consistiram no aprimoramento de modelos previamente elaborados pelos alunos nas disciplinas anteriores, chegando fabricação de maquetes em pequena escala e digitais, instalação do artefato em escala real e desenvolvimento de uma interação digital. Entre os facilitadores estavam os professores André Fox, Rafael Rattes, Ana Luísa Rolim e Victor Sardenberg. Este último, convidado internacional da Universidade de Hannover, foi responsável pela disciplina Design paramétricos e biomimética, ao lado da professora Ana Luísa Rolim, decisiva na realização do produto final do workshop. 

De acordo com o professor Dyego Digiandomenico, que coordena a especialização conjuntamente com a professora Clarissa Duarte, o percurso pedagógico do evento internacional derivou de todas as disciplinas do curso até então. Os alunos tiveram contato com diversos campos do conhecimento, indo desde a biomimética até a apresentação do design e modelagem paramétrica. “Esses campos foram integrados com a intenção de fazer os alunos trabalharem numa equipe única, integrando seus conhecimentos e habilidades, culminando na produção de uma proposta onde eles podem averiguar os potenciais e os limites desse processo computacional de projeto”. 

Os alunos realizaram uma intervenção no plano material e no digital. No campus, podemos ver a estrutura com blocos de concreto intitulada Casa Hifas. “A peça instalada tem caráter arquitetônico, onde foi recebido uma camada de realidade digital. É uma peça onde a pessoa pode habitar em duas realidades: a física e a digital. Esse é nosso intuito de exploração”, completou Dyego, ao completar que o uso das duas ferramentas simultaneamente permitiu aos alunos terem melhor noção da potencialidade do material. “A propriedade física desse material que foi usado extrapolou os limites do campo digital, onde as formas e as especulações técnicas e plásticas são ampliadas”.   

O professor Victor Sardemberg ponderou que os estudantes desenvolveram no workshop conhecimentos em tecnologia como ferramentas de modelagem e de computação paramétrica. “Elas são capazes de transformar a maneira que nós desenhamos e construímos tanto o presente quanto o futuro. Utilizamos ferramentas de realidade aumentada, por exemplo, para ir direto do modelo 3D na construção, e de ferramentas de modelagem paramétrica não apenas para aumentar produtividade, mas principalmente para explorar nossas possibilidades estéticas formais tanto em arquitetura quanto em design”. 

Esse tipo de tecnologia, por exemplo, permite que arquitetos e designers desenvolvam projetos sem a necessidade de ter uma planta ou maquete física. Isso faz com que se economize em custos de uma construção ou projeto. Essa realidade ainda está distante do mercado brasileiro, mas na Europa, onde Victor atua como professor, já é bastante difundida. “Essas novas tecnologias, exploradas no workshop, possibilitam que estimulemos a performance de nossos projetos tanto do ponto de vista ambiental quanto estrutural, ou mesmo de custos, mas acima de tudo possibilita uma exploração estética que tem a ver com a sensibilidade do século 21”, completou Victor, que veio presencialmente ao Brasil para a realização do evento. 

Já a professora Ana Luísa Rolim destacou que o workshop também dialogou com a proposta acadêmica do curso, que é o desenvolvimento de uma “casa mínima inteligente”. “Esse tema foi trabalhado como se a gente tivesse construindo uma parte dessa casa mínima, não propriamente a casa em si”, frisou. “A gente prototipou um trecho dessa casa mínima, que no nosso caso é a exploração de um elemento de parede, de divisória, de fechamento que poderia sair do convencional e ser construído de uma forma mais ousada, gerando uma espécie de parede híbrida, não só para separar uma coisa da outra mas para sentar, para ver através”. 

No planejamento e execução da intervenção, os estudantes se inspiraram na biomitética,  área da ciência que tem como objetivo o estudo das estruturas biológicas. “No caso da arquitetura, olhar para a natureza como a estrutura do cogumelo, a estrutura de um cupinzeiro e transformar isso em forma arquitetônica e construir algo. Aqui, a gente chegou no afunilamento de uma estrutura que tem uma interpretação e a forma de um componente estruturante do cogumelo”, completou a professora. 

Prevenção - Para a realização do encontro internacional, a Unicap Icam-Tech mudou o planejamento inicial em virtude da pandemia da Covid-19 – o encontro seria aberto ao público, mas manteve a proposta pedagógica com a participação apenas dos alunos do curso. “Estimulamos o uso do protetor facial, inclusive elaborada por uma de nossas alunas do curso. Além disso, as máscaras médicas eram trocadas regularmente, mantendo o álcool e higienização das mãos sempre que possível”, destacou a coordenadora do curso, professora Clarissa Duarte. 

Houve ainda um planejamento da quantidade dos alunos no evento, com escala dos que estariam em forma presencial e remota. O Pavilhão Maker funcionou com janelas abertas, ventilado. A montagem foi feita próxima ao jardim da Biblioteca Central, onde a gente pôde trabalhar com maior segurança”.