Livro “Triplo Trauma” dá voz a mulheres negras vítimas de violência sexual na infância - Unicap

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Livro “Triplo Trauma” dá voz a mulheres negras vítimas de violência sexual na infância

Publicado Por: Daniel França

“Quando uma menina negra é violentada sexualmente, ela é atravessada por três camadas de sofrimento: o trauma da violência sexual, o trauma social da deslegitimação e o trauma do racismo”. A afirmação é da doutoranda em Psicologia Clínica pela Universidade Católica de Pernambuco, Lílian Alves Machado, autora do livro Triplo Trauma: meninas negras e a violência sexual, lançado na tarde desta terça-feira (13), na Biblioteca da Unicap.


Fruto de sua dissertação de mestrado, a obra parte da escuta sensível de mulheres negras adultas, de diferentes partes do país, que foram vítimas de violência sexual durante a infância. “Produzimos rodas de conversa e rodas de cuidado para escutar a experiência de dor dessas mulheres”, explicou a autora. O livro, publicado pela Editora Telha, propõe um olhar atento e crítico sobre como a interseção entre racismo, violência sexual e apagamento social impacta profundamente os corpos femininos negros desde a infância.


“Quando ela [a menina negra] diz que sofreu racismo e a violência sexual, ela é deslegitimada novamente”, afirmou Lílian. “O corpo dela é visto socialmente como um corpo que pode ser violentado.”

A apresentação do evento, promovido pelo Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas da Unicap (Neabi) e Instituto Humanitas Unicap (IHU), contou com a participação musical do grupo MPB Unicap e foi marcada por momentos de escuta e acolhimento.


Na contracapa do livro, a professora do Programa de Pós-graduação em Psicologia Clínica da Unicap, Ana Lúcia Francisco, destacou a coragem e a profundidade do trabalho. “Relatos de dor, escondidos e guardados nos cantinhos dos segredos, que muitas vezes não se quer lembrar, nos são apresentados, revisitando momentos de absoluto desamparo”, escreveu. Para ela, o livro se constrói como uma cartografia sensível da dor e da resistência, ao trazer à tona histórias reais que, por muito tempo, foram silenciadas.


“Se a fala cura, é justamente porque ela permite compreender que as experiências vividas, em que pese a carga que elas comportam, nos preparam para enfrentamentos outros”, destacou Ana Lúcia.

Cuidado como metodologia

Mais do que um registro de histórias traumáticas, Triplo Trauma apresenta também experiências de resistência e de cuidado entre mulheres. Lílian optou por uma abordagem metodológica inspirada em práticas ancestrais: as rodas de cuidado, que ela descreve como “um espaço de circularidade, um modo de fazer indígena e africano”.

Segundo a autora, “a psicologia tem a aprender com os modos de cuidado dessas mulheres negras, indígenas e africanas”, pois são práticas de atenção e cura que muitas vezes não encontram espaço nas políticas públicas nem nos modelos tradicionais de saúde mental.

Embora apenas seis mulheres tenham participado presencialmente das rodas de cuidado, a repercussão do chamado feito por Lílian em redes e fóruns acadêmicos foi imensa: “Recebi contato de mulheres do Brasil inteiro, do Norte ao Sul do país, da América Latina, mulheres procuraram para ser escutadas”, afirmou.

Um alerta

Ao final da roda de conversa, Lílian fez um apelo à responsabilidade coletiva sobre os corpos femininos. “Reforço o cuidado que a gente precisa ter com os corpos femininos no mundo e como a nossa sociedade consolida e consensualiza violências em diversas idades, mas sobretudo contra os corpos femininos.”

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