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Os livros sagrados que Deus nos revela
Na Igreja Católica, setembro é o mês da Bíblia. Neste mês, o último domingo, ou seja, este próximo é celebrado como “o dia da Bíblia”. Igrejas evangélicas celebram o dia da Bíblia em um domingo de dezembro. Seja como for, parece que, atualmente, o melhor modo de valorizar a Bíblia seria libertá-la de um uso instrumentalizador e desumano que alguns grupos fazem.
De fato, desde tempos antigos, a religião, qualquer que ela seja, tem sido usada pelos poderosos para legitimar o seu poder. Isso tem ocorrido também no uso da Bíblia. Muitas vezes, a Bíblia foi usada até para matar. Na história, a Igreja usou textos bíblicos para condenar hereges à fogueira. Em nome da Bíblia, o próprio Jesus foi condenado à morte, acusado de ter blasfemado contra o templo e por se dizer filho de Deus.
Em nome de Jesus e da Bíblia, impérios que se diziam cristãos conquistaram e colonizaram nosso continente. Até quase nossos dias, missões cristãs atacaram e demonizaram culturas indígenas e levaram doenças e morte a comunidades originárias. Nestes dias, quase cotidianamente, em nome de Jesus e motivados pela Bíblia, grupos pentecostais atacam e destroem templos afro-brasileiros. No Congresso Nacional, há uma bancada que se diz da Bíblia para legitimar as bancadas do boi e da bala. Muitos dos congressistas se orgulham de pertencerem às três, como se fossem uma só.
Há quem culpe a Bíblia pelo fato de que, nas eleições de 2018, a maioria das pessoas que se dizem cristãs votou pelo candidato do ódio e da violência, enquanto a maioria dos que se dizem ateus votou pela democracia.
O apóstolo Paulo escreveu: “A letra mata. É o Espírito que faz viver” (2 Co 3, 6). Grupos e Igrejas fundamentalistas não conseguiram apagar ou jogar no lixo esta palavra. A própria Bíblia deixa claro que ela não quer ser lida ao pé da letra. Nos evangelhos, a todo momento, Jesus diz: “na Bíblia, se lê assim, mas eu tenho outra interpretação para isso” (Mt 5, 21 ss). Se nós somos discípulos e discípulas de Jesus, devemos desenvolver na leitura da Bíblia a mesma liberdade espiritual que Jesus viveu e nos propôs.
De acordo com a nossa fé, Deus se revela à humanidade através de dois livros: o primeiro é o livro da vida. A própria terra e a natureza são palavras que nos comunicam permanentemente o amor divino. As comunidades católicas costumam dizer em cada celebração da ceia de Jesus: “O céu e a terra estão cheios da vossa presença”. E este Deus que nos manifesta o seu amor na criação, nos dá sua Palavra através dos acontecimentos da vida. Mas, para decifrar esta mensagem, precisamos do segundo livro sagrado que Deus revelou: a Bíblia para os judeus e cristãos e outras revelações para outros grupos espirituais e outras religiões.
Na compreensão judaico-cristã, a Bíblia não é diretamente a Palavra de Deus. Ela é a escritura da Palavra de Deus. Em um de seus primeiros escritos, Carlos Mesters a comparava com uma partitura musical. Para quem toca um instrumento ou canta, a partitura é muito útil. No entanto, a mesma partitura possibilita que a canção ali escrita possa ser interpretada por alguém como lamento e por outro como protesto. Uma mesma canção de amor pode ter versão mais dolente, ou interpretação mais alegre. No Novo Testamento, as primeiras gerações de cristãos e cristãs leram a Bíblia de formas diversas, que não se opõem, mas ao contrário, se complementam.
Este mês da Bíblia pode ser oportuno para nos ajudar a descobrir uma palavra de Deus nos textos antigos para assim discernir, o que o Espírito de Deus diz, hoje, às Igrejas e ao mundo. A Bíblia, lida de forma não fundamentalista, pode ajudar-nos a compreender o que Deus nos diz através dos acontecimentos de cada dia.
Há quem pense na Bíblia como luz que esclarece tudo. No entanto, não é esta a experiência dos primeiros cristãos. Na 2ª carta atribuída a Pedro, o autor descreve os textos bíblicos, não como farol ou luzeiro e sim como lampadazinha “que fazeis bem em prestar atenção. Ela (a palavra da Escritura) brilha em lugar escuro até que o dia clareie a estrela da manhã, o sol, brilhe em vossos corações” (2 Pd 1, 19).
Marcelo Barros
monge beneditino, teólogo e biblista, é membro da Associação Ecumênica de Teólogos/as do Terceiro Mundo (ASETT) e assessora comunidades eclesiais de base e movimentos sociais. Tem se dedicado especialmente a estudar o pluralismo cultural e religioso e particularmente ao contato com as religiões de matriz afro-descendente. Publicou 44 livros no Brasil, alguns traduzidos em outros idiomas, além de vários livros coletivos, como a coleção “Pelos muitos caminhos de Deus”, sobre teologia pluralista da libertação. E-mail: contato@marcelobarros.com Site: www.marcelobarros.com
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