Ex-alunos da Unicap são escalados para cobrir a Copa do Mundo do Catar

Texto: Maria Eduarda Lavoisier

Egressos do curso de Jornalismo da Universidade Católica de Pernambuco, Antônio Gabriel (Rádio Jornal) e Kelvin Maciel (Band Nordeste), são dois dos pernambucanos a caminho do mundial

Não é novidade para ninguém que constar na lista de convocados de uma Copa do Mundo representa o desiderato máximo de um jogador de futebol. Para quem atua do lado oposto das quatro linhas, e contribui para levar o evento no formato jornalístico ao seu país de origem, o sentimento não diverge muito. Dos pernambucanos escalados para trabalhar durante a competição, dois foram alunos do curso de jornalismo da Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP).

A trajetória de Antônio Gabriel, repórter da Rádio Jornal, começou em uma rádio comunitária do Recife, a Amparo FM. Logo no primeiro ano da graduação, ele recebeu a oportunidade de integrar a equipe do veículo e realizar transmissões de futebol virtualmente.

“Então, eu fui com a cara e a coragem. A audiência era pequena, a equipe precária em termos de estrutura. A gente se juntava e cada um dava um pouquinho para comprar equipamento novo, para fazer as coberturas, ir aos jogos. Aquilo foi uma escola gigantesca. Eu não seria nada, nem metade do profissional que eu sou, se não fosse aquela experiência, errando, acertando e fazendo do jeito que a gente acreditava”, comentou.

Ele conta que decidiu ingressar na área motivado por sua afeição pelo futebol e proximidade com esportes. “Hoje eu sou tão apaixonado por contar histórias, por ser jornalista, por exercer a função de repórter quanto eu era, e ainda sou bem apaixonado por futebol. Então, foram paixões que se conectaram e que me fizeram seguir esse caminho que estou seguindo hoje”, disse.

Outro egresso da Universidade, o jornalista Kelvin Maciel, desde muito pequeno, adquiriu uma relação íntima com o futebol. Filho do radialista Maciel Júnior, referência do jornalismo esportivo pernambucano, costumava visitar as emissoras onde o pai trabalhava e irem juntos aos estádios. Ainda como aluno, recebeu a aprovação no processo seletivo da TNT Sports, antigo Esporte Interativo, para cobrir a Copa do Nordeste e após passar pela Rádio Folha-PE, está na Band Nordeste.

“Tive a sorte de nascer filho dele. Ele sempre foi meu maior incentivador para seguir na carreira. Hoje, eu cumpro, inclusive, outras funções, voltadas para a área política e jornalismo de dados”, afirmou.

Quase doze mil quilômetros separam o Brasil do Catar. Apesar de ser um país pequeno, prepara-se para receber mais de 1,2 milhão de visitantes de todo o mundo, segundo estimativas da venda de ingressos da Fifa. Esta é a primeira edição em 72 anos a ocorrer no Oriente Médio. A administração nacional regida por leis baseadas no islamismo e características culturais bastante singulares, tem exigido uma preparação diferenciada dos jornalistas.

“A Fifa vem garantindo que vai ser um período de muita tolerância no país. E eu particularmente acredito que isso deve acontecer porque nenhum pais quer uma manchete negativa a seu respeito e de sua sociedade durante uma Copa do Mundo. Diferente também pelo clima, uma questão de adaptação. Para nós nem tanto, recifense é acostumado com calor. É uma Copa muito diferente em vários aspectos. Um país culturalmente diferente do nosso. Estudar o país, a cultura, a religião, os costumes, tudo isso faz parte, ” explicou Antônio Gabriel.

De acordo com Kelvin Maciel, o principal foco de seu estudo está concentrado na história catariana e as convocações de cada seleção.  “Será uma Copa histórica e emblemática. Outra preocupação minha, acho importante destacar, é a parte técnica, de equipamentos. Tudo será feito por mim, o cuidado com microfones, câmera, iluminação, tudo isso tem que estar pronto e checado, ” frisou.

A Rádio Jornal é uma das sete emissoras de rádio brasileiras que possui os direitos de transmissão, sendo a única nordestina e fora do eixo Sul-Sudeste. Antônio Gabriel irá acompanhar prioritariamente os jogos do Brasil e no dia a dia da Seleção Brasileira, em todos os jogos e coletiva, mais algumas partidas da fase de grupos de outros países.

“Eu serei o setorista do Brasil. Pagar para transmitir uma Copa é algo muito caro, e é óbvio que a gente vai usar bastante desse direito de transmitir o mundial. A gente vai colocar no ar noventa por cento dos jogos, com exceção de alguns, e horários da primeira fase, sobretudo nas primeiras horas do dia. Mas, no geral, a gente vai privilegiar os grandes jogos e grandes seleções, ” destacou.

Já o projeto Band no Catar pretende se concentrar nos torcedores brasileiros que viajarão à sede da Copa do Mundo. “Em nossa cobertura, nós não temos os direitos de transmissão. Temos um cuidado maior de aproximar o torcedor da nossa cobertura. A Band me deu liberdade grande para produzir um conteúdo bem-humorado, com o torcedor sendo o foco. Fico feliz por este ser mais o meu perfil, ” detalhou Kelvin.

Para Antônio Gabriel, expectativa de poder testemunhar in loco a conquista do Hexa para o Brasil se mostra inimaginável e compor um networking com outros jornalistas enviados à cobertura. “É algo que a Copa proporciona, estar ao lado dos tidos como melhores jornalistas do Brasil, tidos porque existem muitos outros tão competentes e com muita qualidade que não vão ao mundial, mas temos uma representação da nossa classe de altíssima qualidade. Viver esse ambiente de Seleção Brasileira, acima de tudo, contar uma grande história. O sonho de estar ali perto, viver uma Copa do Mundo. Claro que o título não depende de mim, depende dos jogadores, mas eu vou torcer muito para isso,” reforçou.

Kelvin Maciel deseja se tornar professor universitário no futuro e tem a consciência que tais experiências irão contribuir nesse sentido. “Quem sabe um dia, eu volto para a Unicap, para passar um pouco desse conhecimento para os alunos. Estou levando na minha mala uma expectativa grande de ver de perto a maior Copa de todos os tempos. Uma cobertura internacional desse tamanho no currículo, para uma emissora de grande porte. É o sonho de todo jornalista. São 11 Estados envolvidos, os nove do Nordeste, mais Mato Grosso e Amazonas. Responsabilidade grande e empolgação ainda maior,” concluiu.