Fim da consciência histórica?

O surgimento de uma consciência histórica moderna é considerado o evento mais significativo da modernidade pelo qual o ser humano passou. Parte da reflexão filosófica do século XX tem se focado em esclarecer o que significa que o ser humano moderno seja consciente de sua história. No entanto, recentemente tem surgido a possibilidade de que a consciência histórica possa chegar ao seu fim. Esta afirmação implica, entre outros aspectos, a alienação da tradição, o esvaziamento de conceitos construídos ao longo da história e a perda do sentido da mesma. É realmente possível o fim da consciência histórica? Neste trabalho, buscamos trabalhar essa questão através de uma abordagem hermenêutico ontológica. Iniciando com uma definição de consciência histórica a partir da teoria da história, estabelecemos um diálogo com a hermenêutica de Hans-Georg Gadamer. No desenvolvimento argumentativo que propomos, a memória desempenha um papel fundamental; assim, abordamos este conceito a partir da perspectiva de Paul Ricoeur e, finalmente, entrelaçando o diálogo entre os dois conceitos chave, apresentamos o ser marcado pelo passado.

Este livro, fruto da pesquisa proveniente do mestrado em filosofia, frente à questão do "fim da consciência histórica" não propõe responder afirmativa o negativamente à pergunta, nem tão pouco reduzir o problema a uma falácia condicional do tipo "se sim, então o quê?", ou "se não, então o quê?".

Trata-se, antes, de nós mesmos, nossa existência, nossa memória e nossa consciência histórica.