Católica vence Hacker Cidadão com app para mudanças climáticas

Uma equipe de estudantes da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) venceu o Hacker Cidadão 11.0, promovido pela Prefeitura da Cidade do Recife. O evento, que teve como tema “Transformando Desafios Climáticos em Oportunidades”, desafiou os participantes a desenvolver soluções inteligentes e práticas para questões climáticas. Eles tiveram 48 horas para criar tudo.

A equipe vencedora, composta por alunos do curso de Sistemas para Internet, conquistou o primeiro lugar no Desafio 03 - Rede Comunitária de Resiliência Climática, com o aplicativo Resil.IO. Os membros do time são: Bruna Oliveira, Anderson Marinho, Beatriz Martins, Arthur Levy e Mateus Santiago, todos do 2º período. Embora o edital do Hackathon permitisse a participação de apenas seis integrantes, o projeto inicial contou com a colaboração de Diego Ricardo Amaral, do 10º período de Direito. O time ganhou R$ 10 mil para seguir desenvolvendo o produto.

A participação da Unicap foi viabilizada pela intermediação do coordenador do curso de Jogos Digitais, Breno Carvalho, que fez o contato com a Prefeitura do Recife e integra o Laboratório de Inovação para Mudanças Climáticas e Sustentabilidade (Limcs). A mobilização da equipe foi realizada pela professora Paloma Saldanha, da disciplina de Direito Digital, que leciona no curso de Sistemas para Internet. O Limcs, vinculado ao Instituto Humanitas, destaca-se pelo seu caráter interdisciplinar.

Diego Amaral trabalhou na elaboração de uma cartilha que serviu de base para o projeto do App. “A gente tem trabalhado justamente resiliência comunitária, educação transformadora, e acho que tudo isso foi uma concretização. Percebi que a minha cartilha fez a diferença pra alguém, uma sementinha que seja.”

Anderson Marinho explica que o aplicativo disponibiliza uma rede de rota de fuga, botão de pânico, disparo de localização preciso que pode ser usado em caso de a pessoa estar soterrada ou ilhada. As informações foram trabalhadas a partir do banco de dados do Limcs coletados em comunidades da periferia do Recife localizadas em áreas de risco.  

O estudante destacou a importância da união do grupo. “Todo mundo trabalhou junto, com muita parceria, desde o começo. E isso também foi essencial para gente chegar no primeiro lugar. A maioria dos que estavam nesse grupo vem de uma origem mais humilde, vem de comunidade. E aí a gente pensa, poxa, a gente nasceu no Alto Santa Terezinha, San Martin, em Tejipió. E agora a gente vai, daqui a uns meses, estar com as pessoas mais poderosas do mundo discutindo o futuro do planeta. É muito emocionante,” disse ele ao se referir ao encontro do G20, que vai ser realizado em novembro, no Rio de Janeiro.

A professora Cynthia Suassuna, envolvida no projeto do Limcs, comemorou a vitória. “Essa conquista realmente é um marco de todo esse trabalho que vem sendo feito desde 2022, quando foi lançado o laboratório que estuda essa problemática das mudanças climáticas e os impactos sociais e trabalha com pesquisa, com extensão e pós-graduação. A gente está vendo que isso vai cada vez mais firmar esse caráter interdisciplinar do nosso laboratório e a necessidade de envolver cada vez mais outros cursos nesse trabalho e tenha soluções para as mudanças climáticas a partir da Universidade.”

O professor Fábio Pedrosa, que atuou na mentoria do grupo durante a maratona de ideação, também ressaltou a importância da vitória. “Conseguimos sensibilizar, entusiasmar alunos de várias escolas extremamente capazes, mostrando a qualidade. É uma vitória para um laboratório que tem menos de dois anos e é voltado para o Recife, uma região metropolitana tão vulnerável socialmente. O Brasil é um dos cinco países mais desiguais do mundo. E nesse país que é um dos cinco mais desiguais do mundo, o Recife é a segunda capital mais desigual. Então potencializa essa questão. Nós somos uma das capitais mais pobres do Brasil, e realmente essa questão, dependendo do seu CEP, do seu código postal, uma chuva de 50 milímetros pode trazer um incômodo, um desconforto, ou ela pode ameaçar a sua vida, depende de onde você mora.”