Abertura da 2ª Semana da Inovação na Unicap aborda a criatividade humana e a inteligência computacional

Os impactos do uso da Inteligência Artificial nas mais diversas profissões e meios de produção de conteúdo foram o ponto de partida da roda de conversa que marcou a abertura da 2ª Semana da Inovação da Unicap, que aconteceu de maneira híbrida, ontem à noite (2), no auditório G2.

A Pró-reitora de Pesquisa, Pós-graduação e Inovação, Profª Drª Valdenice José Raimundo, e o assessor do Núcleo de Inovação Tecnológica da Universidade, Prof. Dr. Breno Carvalho, deram as boas-vindas aos participantes.

As discussões começaram com a exibição de um vídeo apresentado por uma mulher negra abordando as principais questões do uso da I.A. O conteúdo de texto, imagem e áudio foi totalmente produzido com o ChatGPT e impressionou pelo nível de realismo.

Os especialistas e pesquisadores reunidos no evento foram unânimes em afirmar que o uso da I.A não é um futuro distante e sim uma realidade em franca e rápida expansão. De acordo com eles, adaptar-se e aprender a usá-la será uma questão de sobrevivência no mercado de trabalho. Um desafio para a sociedade e governos tendo em vista mudanças tão velozes, profundas e disruptivas.

Por outro lado, o aumento da produtividade e eficiência, o uso para construir soluções para combater pobreza, mudanças climáticas, cura de doenças são apontadas como vantagens promissoras da nova tecnologia. “É uma ferramenta e como tal depende da forma como será usada”, dizia a robô no vídeo.

A mediação da conversa foi do assessor de Inovação da Unicap, Prof. Dr. Anthony Lins, direto da Holanda, onde está fazendo pós-doutorado na Breda University of Applied Sciences.  Falando de Melbourne, o mestre e doutor em I.A Eduardo Oliveira abriu a conversa. Ele explicou que o ChatGPT é um “aglomerado de textos a que foi treinado e que impressiona pelo uso de referências e contexto, mas que ainda há muitas limitações”, disse o professor da Faculty of Engeneering and Information Technology (Feit).  

Pesquisador de chatbots e desenvolvimento de linguagem neural, Eduardo refuta a ideia de que máquinas irão substituir humanos, mas que os novos trabalhos deverão ser feitos em conjunto. Ele citou como exemplo prático, a revisão de códigos em disciplinas de engenharia de software que já é feita por meio da I.A, “mas que depende da validação dos alunos exigindo senso crítico, discernimento sobre o que deve ou não ser compartilhado com o ChatGPT”.

As diversas possibilidades do uso da I.A também basearam a fala do executivo da Nvidia, empresa de tecnologia do Vale do Silício, para a América Latina, Pedro Mário. Ele apontou a criação de mundos digitais onde as pessoas poderão interagir, além do desenvolvimento de “moléculas para compostos de novos medicamentos”.

No entanto, ele fez ponderações quanto aos cuidados no uso da I.A. “Quando ele não sabe, ele inventa a informação porque é um ‘intercolador’ de informação”, disse o especialista ao se referir ao ChatGPT.

O caráter multimoldal do ChatGPT foi o aspecto abordado pelo professor do Centro de Informática da Universidade Federal de Pernambuco (Cin/UFPE), Felipe Calegário. Docente da disciplina de Criatividade Computacional desde 2020, ele exibiu como demonstração uma versão de clipe da música “Vambora”, de Adriana Calcanhoto, totalmente criada por computador. As imagens foram geradas a partir da letra da canção.

Ele chamou a atenção para o fato de a máquina não ter gerado tudo sozinha, que demandou direção e supervisão humana para se alcançar o resultado. “Diferentemente do humano, a máquina não tem intencionalidade”.

Tantos avanços podem soar como algo distante da realidade do cidadão comum, mas o fato é que a I.A já se faz presente nas repartições públicas. É o que contou o analista em Tecnologia da Informação da Procuradoria Geral do Estado de Pernambuco, Álvaro Pinheiro. Doutor em Engenharia da Computação, ele pontuou os cuidados com a I.A, impactos nas profissões e a experiência dele no setor público.

Álvaro disse que no meio jurídico muitos profissionais estão buscando se especializar na área de tecnologia. “As mudanças são inevitáveis e será preciso se adaptar. Diferentemente das outras revoluções industriais, a 4.0 não afeta só o colarinho azul e sim todas as áreas, inclusive os tomadores de decisão”.

Ainda de acordo com o especialista, não há como evitar o uso de I.A nas organizações porque o ganho de eficácia e produtividade é muito grande, mas ficará com o ser humano (pelo menos por enquanto) um papel estratégico. “A Inteligência Artificial será uma ferramenta para dar suporte a decisão que caberá ao humano”, frisou.

O evento foi transmitido ao vivo e a íntegra da gravação está YouTube da Católica.