Confira o pronunciamento do Reitor Padre Pedro Rubens durante a abertura da Jornada Unicap Comunitária - Unicap

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Confira o pronunciamento do Reitor Padre Pedro Rubens durante a abertura da Jornada Unicap Comunitária

Publicado Por: Daniel França

É tempo de RenovAção:

metamorfose necessária para um novo tempo possível

1 Para tudo há uma época, e um tempo para todo propósito sob os céus.

2 Tempo de nascer e tempo de morrer;

tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou.

3 Tempo de matar e tempo de curar;

tempo de demolir e tempo de edificar.

4 Tempo de chorar e tempo de rir;

tempo de se lamentar e tempo de dançar.

5 Tempo de lançar pedras e tempo de amontoar pedras;

tempo de abraçar e tempo de abster-se do abraço.

6 Tempo de buscar e tempo de perder;

tempo de guardar e tempo de lançar.

7 Tempo de rasgar e tempo de suturar;

tempo de calar e tempo de falar.

(Eclesiastes 3,1-7,

tradução Ed. Paulinas do Brasil)

Se há um tempo certo para tudo, que época é essa que nos toca viver?

Tornou-se banal dizer que nosso tempo não é apenas uma época de mudanças, mas uma verdadeira mudança de época. A rigor, creio que estamos vivendo as duas coisas, ao mesmo tempo, e não apenas de forma acelerada, mas complexa e plena de incertezas[1]. Isso provoca crises constantes, um tempo de crise sem precedentes.

  1. Tempo de crise: metamorfose necessária

Se, por um lado, as crises fazem parte dos processos de crescimento histórico das pessoas e das instituições, por outro, nem todas as crises são iguais, sendo algumas mais graves e exigindo medidas mais radicais.

Segundo Leonardo Boff, a crise representa purificação e oportunidade de crescimento, conforme a raiz em sânscrito, matriz de nossas línguas ocidentais: crise vem de kir ou kri que significa purificar e limpar; daí deriva a palavra crisol, elemento com o qual limpamos ouro das gangas e o verbo acrisolar, que quer dizer depurar e decantar. Então, a crise representa um processo crítico, de depuração do que é o cerne, o âmago, o essencial: só o verdadeiramente substancial fica, o acidental e agregado tende a desaparecer. A partir deste cerne se constrói uma outra ordem ou uma nova forma; essa transformação representa a superação da crise. Depois, seguindo a lógica da crise, essa nova ordem também entrará em crise. Esse processo crítico de acrisolamento e purificação faz parte da dinâmica da história e de tudo o que é histórico. Todo processo de purificação não se faz sem cortes e rupturas. Daí a necessidade da de-cisão: é preciso fazer uma “cisão” com a organização anterior e orientar os novos rumos. Em grego, krisis, significa a decisão tomada por um juiz ou um médico: o juiz pesa e sopesa os prós e os contras; o médico ausculta os vários sintomas da doença. À base deste processo, ambos tomam suas decisões pelo tipo de sentença a ser proferida ou pelo tipo de doença a ser combatida. Esse processo decisório é chamado crise[2].

A pandemia revelou um outro aspecto da crise, isto é, não apenas uma situação de crise contraposta a uma situação de normalidade – elas agora convivem em uma situação que pode ser classificada como duplamente anômala. Por definição, toda crise deveria ser passageira e ser explicada por alguns fatores e, mais facilmente, superada com algumas medidas corretivas ou ajustes. Mas, vivemos um estado de crise permanente a tal ponto que isso acaba determinando o restante, impondo condições e necessitando de medidas mais radicais.

Penso ser o caso da crise da democracia, no Brasil e no mundo, e da educação em geral e das instituições tradicionais e comunitárias em particular. Ora, no nosso processo de planejamento estratégico, em 2016, e até no último quadriênio, parecia ser suficiente falar de reestruturação das universidades, mas, ultimamente, percebemos que não bastaria mexer nas estruturas: impõe-se repensar a própria concepção de universidade. E, em nosso caso, como o processo envolve pessoas de uma comunidade viva, era preciso “cortar na carne”, expressão usada até pouco tempo, mas que não adotarei. Assim, para compreender a experiência de crise e das decisões que estamos tomando, porém, sem perder a dimensão humanística, acredito que o cerne da questão é a vida, das pessoas e da própria instituição: por isso, prefiro recorrer a duas metáforas biológicas, inspirado na poda das árvores e da metamorfose das borboletas. Precisamos “podar” as árvores continuamente para que elas redistribuam sua seiva, renovem seus galhos e possam dar flores e frutos, segundo as lições do nosso jardim, primeira renovação que fizemos. Mas como esse processo de poda é constante, cabe melhor falarmos agora de uma verdadeira metamorfose, uma mudança da forma de ser universidade que mexe naquilo que é ou parecia ser essencial. Afinal o essencial para uma lagarta, como seus pés, não o é para uma borboleta: “Pés, para que os quero, se tenho asas para voar”, diria a borboleta citando Frida Kahlo.

Convido-os, pois, a pensar nosso processo de renovação como uma metamorfose ou a transformação de uma lagarta em borboleta. Para acontecer a metamorfose, a lagarta entra em fase de crise, de acrisolamento, virando pupa ou crisálida, envolvida por um casulo. Esse tempo é crítico, pleno de fragilidades e riscos. Por isso, já houve tentativas de abreviar o tempo dessa fase, aliviar o esforço necessário e quebrar o casulo mais facilmente. Narra-se, inclusive, que alguns cientistas inventaram um gel para amolecer o casulo da lagarta – e deu mais ou menos certo. De fato, amoleceu e a borboleta saiu mais rapidamente, mas não conseguia voar. Por quê? Porque o esforço doloroso para quebrar o casulo era necessário para dar vigor às suas asas...

A crise que estamos vivendo é tipo uma metamorfose e, assim sendo, não podemos diminuir os esforços nem aliviar as dores, porque precisaremos criar asas fortes e alçar voos mais altos.

  1. É tempo de renovação: genealogia de uma tradição

Em momentos históricos e críticos de uma instituição, seja um estado/país ou uma universidade, precisamos rever processos e tomar decisões que orientem ações de superação da crise e renovação da instituição. Exercício demasiado complexo, se consideramos que estamos em uma época de mudanças rápidas e, ao mesmo tempo, uma mudança de época. Por isso, não basta somente fazer alguma adaptação nem mesmo uma atualização da universidade aos novos tempos, nem se pode arriscar uma pura reestruturação considerando tantas incertezas. Nesse sentido, elegemos como chave de leitura a RENOVAÇÃO ou uma ação renovadora a partir de dentro, uma metamorfose da universidade. Para além de uma reestruturação institucional, da mudança de pessoas e das funções, para além de uma simples atualização de currículos, de um novo PDI, de um novo plano diretor: queremos deslanchar um processo de renovação. E, assim, tentar articular todas as mudanças internas, conforme o processo iniciado com o planejamento estratégico de 2016 a 2025, dinâmica que foi interrompida pela pandemia e outras exigências, realidades que, paradoxalmente, também confirmaram a necessidade de mudanças ainda mais radicais e urgentes.

A pandemia e o governo anterior foram dois fatores agravantes da crise dos processos tradicionais de aprendizagem em geral, com implicações para as universidades. Importa distinguir aqui mais que nunca a educação nas “universidades completas” das faculdades e centros universitários que, de certa forma, cresceram muito, multiplicando vagas e superdimensionando a crise. Dois dados revelam a gravidade da situação atual: 1) dos 9 milhões de universitários, 4 estão na EAD (o problema não é a modalidade, mas a capacidade instalada e não o aumento real de jovens nas IES!); 2) das 240 mil vagas de Prouni ofertadas, somente 140 mil foram preenchidas (e ainda falta verificar o perfil socioeconômico e os documentos de comprovação).

Diante da diminuição do número de estudantes, diante da constatação de um desaparecimento de alguns cursos e profissões, bem como do surgimento de profissões ou serviços que demandam novas habilidades, saberes e competências, não é difícil perceber a necessidade de mudar as estruturas físicas e organizacionais, os processos e os procedimentos, os espaços e as dinâmicas. Devemos considerar um dado novo da Unicap: enquanto a nossa demanda ia diminuindo, a nossa estrutura física foi ampliada (notadamente com a agregação do patrimônio do colégio Nóbrega e a aquisição do sítio de Beberibe, em Olinda). Por sua vez, o corpo de professores e funcionários e os custos foram mantidos ou foram ampliados, apesar da redução de estudantes pagantes. E não devemos ter escrúpulos de falar de alunos pagantes, inclusive porque o aumento deles proporcionalmente ampliaria a oferta de bolsas integrais, por exemplo.

Além disso, existe um aspecto delicado do “custo Unicap” que, de certa forma, diz respeito a um problema estrutural do nosso país, a saber: nas instituições de direito privado, diferentemente do setor público estatal, a aposentadoria não coincide com a rescisão do contrato de trabalho. Graças a isso, por um lado, usufruímos de muitas pessoas que, embora aposentadas, puderam prestar serviços com experiência, competência e segurança. Mas, por outro lado, essa experiência positiva revelou-se problemática com o tempo, criando não apenas um alto custo indenizatório, como uma situação constrangedora de demissões. Com isso, adiamos também a possibilidade de renovação de nossos quadros, como por exemplo, incorporando novos ex-alunos: formamos, em média, cerca de 1,5 mil profissionais por ano e não temos condições de empregar sequer 1% dos jovens doutores, mestres e graduados.

Alguns sinais dos tempos servem de alerta, outros de esperança. Dois sinais de alerta: a perda de estudantes em todas as IES comunitárias do país (entre 15 e 25%); outro sinal de alerta: uma universidade de renome teve que fechar programas de pós-graduação com nota 5 e 6. Mas, no mesmo período crítico, um sinal de esperança veio de Santa Catarina, apesar de ser uma exceção: as IES comunitárias (Lei 12.881/2013) conseguiram entrar no programa “universidade gratuita” com fontes de recursos já existentes para o Ensino Superior, notadamente um repasse de até 5% do PIB para a educação. Isso implicará um aumento de 75 mil vagas nas universidades comunitárias, que representam 70% dos estudantes da Educação Superior do Estado. Será que Pernambuco não poderia ser o segundo Estado pioneiro? Por que não?

Para termos uma noção temporal das decisões de agora, recordo que desde o momento em que padre Lúcio assumiu interinamente a pró-reitoria administrativa (junho de 2022), formamos uma comissão permanente, que foi sendo ampliada com a “prata da casa” – que vale ouro, para sintonizar com a linguagem olímpica. Aqui registro minha gratidão a todas as pessoas envolvidas no processo, inclusive em nome do padre Smyda, Provincial jesuíta e presidente da Unicap: ele não apenas reafirmou o seu apoio e a importância de nossa universidade para a missão jesuíta no Brasil, mas pediu para que encontrássemos aqui as melhores soluções. Os objetivos principais da comissão e de outros grupos de trabalho eram/são analisar essas situações, aprofundar os nossos pontos críticos, estudar novos cenários e buscar alternativas de superação. Vários estudos foram feitos, várias tentativas simuladas, em um verdadeiro mutirão de esforços, mas nada disso foi suficiente, inclusive porque o agravamento da crise continuou depois da pandemia e apesar da mudança de governo.

Tivemos e teremos que tomar algumas decisões urgentes, mas sem precipitação, ações imediatas, mas sem imediatismos, dolorosas mas sem perder o espírito da vocação humanística da Unicap. Prefiro dizer vocação porque não se trata de uma essência e identidade dadas de uma vez por todas, mas de um devir e de um chamado a ser universidade outramente. Ficou urgente tomar algumas decisões em vista de situações que não podiam esperar, mas, apostando na renovação como chave de leitura e motivação de um processo no sentido amplo, incluindo a inovação decisivamente como parte da concepção de uma verdadeira universidade de ensino, pesquisa e extensão, trabalhando no avanço da automação dos processos e incrementando a comunicação interna e externa: eis os eixos principais que serão trabalhados nesta jornada e, claro, ao longo do semestre.

Mas não podemos esquecer uma experiência fundamental que faz parte de nosso patrimônio imaterial e deveria nos dar coragem e ânimo, a saber: se a Unicap pode contar sua história a partir de uma série de crises, trata-se igualmente de uma história de superação e conquistas. Na releitura que fiz por ocasião dos 80 anos da Unicap, escolhi como chave hermenêutica principal a relação entre crise e salto mortal: de fato, a Católica de Pernambuco não apenas cresceu com muitas dificuldades, mas foi capaz de dar saltos mortais que foram vitais para que ela sobrevivesse, crescesse e superasse crises de toda sorte. Depois de mais de 18 anos trabalhando com vocês, ouso dizer que, mais uma vez, somos desafiados a dar um salto sob a forma de uma renovação corajosa, mas em vista do futuro utópico, que ainda não tem lugar, mas que é possível.

  1. “Metamorfose em vista da esperança”

Com esse título, Tolentino, nosso mais recente Doutor Honoris Causa, aproxima-se da conclusão de seu livro Metamorfose necessária[3]. Diz ele: “Não é que não precisemos do discurso da esperança, mas, ou porque não vemos como, ou porque desacreditamos, ela perdeu presença no espaço público e no pensamento contemporâneo. [...] A crise contemporânea é também uma crise da esperança”.

Nesse sentido, precisamos purificar algumas representações da esperança, pois, continua Tolentino: “é insuportável o discurso de uma esperança isenta, empolgada, ligeira, fácil, imediata”. E seria evasivo e irresponsável falar de esperança ilusória em um momento de crise aguda em que as pessoas estão fragilizadas, angustiadas e inseguras. Mas, como dizia Ariano Suassuna: “O otimista é um tolo, o pessimista um chato; bom mesmo é ser um realista esperançoso”.

Recordo-lhes também dois outros ensinamentos e legados pernambucanos sobre a noção de esperança. Paulo Freire transformou a esperança em verbo, indicando uma ação inovadora: “quando estamos sem forças, precisamos ter esperança (...) diferente de ficar esperando, esperançar é sonhar, é definir o que se quer, e o como se irá alcançar, então esperançar passa a ser uma força que nos torna resilientes”[4]. Na mesma linha, um colega de missão aqui na Unicap, Zeferino Rocha, de saudosa memória, escreveu um artigo paradigmático em seu método e conteúdo: considerando a esperança como uma virtude cristã, prof. Zeferino postulou a sua recepção na psicanálise, mas fazendo um percurso pela filosofia antiga e heideggeriana, concluindo com a poesia que elucida o título: “Esperança não é esperar, mas caminhar”[5].

Enfim, trago ainda o testamento de um dos maiores teólogos do século XX, Jürgen Moltmann, falecido recentemente: “Uma ética do temor vê as crises; uma ética da Esperança identifica as oportunidades na crise. No excesso de esperança, a tentação é utopismo; no medo, é o alarmismo”. [...] “O realismo ensina-nos o sentido da realidade. A esperança acorda também o nosso sentido do possível”[6].

Considerando que a realidade é, ao mesmo tempo, uma instituição e uma comunidade, um empreendimento e uma universidade, precisamos caminhar, sem esquecer os aprendizados da experiência vivida e apostando em um futuro utópico, isto é, utopia como realidade ainda não existente, mas possível de ser construída. E, considerando a nossa inspiração cristã, deixemo-nos mover pela esperança, sem perder o chão – isso significa, etimologicamente, inclusive, “humildade” (vem de húmus!). Ousemos, enfim, como o apóstolo Paulo: “esperar contra toda esperança” (Rm 4,18).

Como conclusão aberta (abrindo os trabalhos da jornada)

Caracterizar o tempo presente como momento de crise significa admitir a necessidade de provocar “cisões” em uma ordem estabelecida e tomar “decisões”, tão difíceis como necessárias. Mas, parafraseando o apóstolo Paulo, creio que os sofrimentos do tempo presente são incomparáveis com a realidade que esperamos em um futuro próximo, portanto, devemos acolhê-los como “dores de parto” (Rm 8,18-27). Por isso, cabe o apelo: “ninguém solta a mão de ninguém”!

Concluo com três sinais do tempo presente, a modo de provocação.

Primeiro, é tempo de reafirmar compromissos, ganhar confiança e apostar numa renovação profunda que lance a nossa tradição como uma âncora para o futuro, portanto, incluindo a inovação no antigo tripé que define a universidade brasileira, implantando a automação dos processos e atualizando os passos à nova era da comunicação, fazendo uma experiência de verdadeira renovação. Mas isso requer uma mudança de mentalidade e de cultura, mexendo em cargos e funções, sem deixar de valorizar e reconhecer a contribuição de pessoas que nos fizeram chegar até aqui e agora. Iniciamos a mudança pela diretoria, incluindo as Escolas. Não renunciamos à forma de uma universidade composta de unidades mais autônomas, mas precisamos integrar processos e saberes, funções e perspectivas.

Em segundo lugar, é tempo de tirar mais lições da experiência dura que foi a pandemia e dar o passo – definitivo – para o século XXI. Não se pode voltar ao “normal” nem se contentar com ajustes e reformas, sob condição de a universidade ficar obsoleta e não interessar às jovens gerações nem responder aos novos desafios da sociedade. Mas quais os princípios que poderiam orientar a mudança de época? Ninguém pode responder a essa questão sozinho, sem contar com os diversos saberes, incluindo a sabedoria dos povos originários. Penso, porém, que Ítalo Calvino, nas seis propostas para o novo milênio, das quais ele elencou cinco, antes de falecer, pode nos inspirar: leveza, rapidez, exatidão, visibilidade, multiplicidade. Creio que essas propostas são princípios práticos do estilo de vida desejável para uma universidade do século XXI. Mas, continuando o exercício de Calvino, eu arriscaria acrescentar duas outras propostas: hibridismo e coworking, práticas que já estamos ensaiando. Hibridismo em vários sentidos, como já estamos ensaiando: cursos tempo integral e aprendizado baseado em problemas (por exemplo: Medicina e Engenharia da Complexidade); mensalidade fixa e sistema de créditos; cursos presenciais e EAD, incluindo a perspectiva dos 30% a 40% de disciplinas ou de cada disciplina EAD. Co-working ou trabalho integrando equipes para agilizar processos, integrar pessoas e saberes, intensificando a comunicação interna e externa, não em vista das leis do mercado, mas para atender melhor as pessoas e renovar a nossa atuação profissional.

Em terceiro lugar, enfim, é tempo de honrar a ousadia histórica, pioneirismo e capacidade de superação da Católica de Pernambuco. Parece que, ao longo de seus mais de 80 anos, quanto maior era o desafio, maior foi a oportunidade de dar um salto. Por isso, concluo com uma provocação: será que não é tempo de propor que essa primeira universidade católica do Norte e Nordeste postule o título de PUC? Por que sim e por que não?

Esse “por que não?”, na verdade, é uma nova resposta a tanta gente que me fez essa pergunta ao longo desses anos e fruto da experiência na FIUC, na ABRUC e agora no CRUB, mas também em sintonia com o pontificado do primeiro papa jesuíta e latino-americano. Hoje temos mais de 12 dioceses formando seminaristas aqui, convênio com a Pontifícia Universidade Gregoriana na graduação e na pós-graduação, somos praticamente a única universidade católica e comunitária das regiões norte e nordeste, temos uma maneira de ser universidade reconhecida pela sociedade, pelo estado laico de Direito, pela Companhia de Jesus, mas também pela Igreja católica, inclusive tendo recebido, em 2011, a Medalha Ex cord Ecclesiae, a maior condecoração da FIUC (Federação Internacional de Universidades Católicas), antes de eu ser eleito Presidente (2013-2018). Consagrada com a nota máxima de uma universidade no Brasil, conceito 5/5, falta-nos essa credencial “católica”, isto é, universal, à altura do reconhecimento do povo pernambucano e nordestino, fazendo parte desse panteão de credibilidade. Eis o salto mortal que pode ser vital para o futuro, eis, talvez, a minha última contribuição como reitor. Isso não é uma despedida, vamos continuar juntos, até o fim!

Concluo com a MPB: “Desesperar jamais, aprendemos muitos nesses anos...” Esperar contra toda esperança é caminhar, com os pés no chão e contemplando uma constelação de possibilidades sob o céu, sonhando em mutirão e realizando em comunidade. Assim seja!

Pedro Rubens, SJ

 

[1] Ver Edgar Morin. Os sete saberes necessários para a educação do futuro. São Paulo: Editora Cortez/Unesco, 1999.

[2] Reflexão inspirada em Leonardo Boff. Vida segundo o Espírito. Petrópolis: Vozes, 1982.

[3] José Tolentino Mendonça. Metamorfose necessária. Lisboa: Quetzal, 2022.

[4] Paulo Freire. Pedagogia da esperança. São Paulo: Paz & Terra, 26ª edição, 2012.

[5] O artigo em Zeferino Rocha. Freud entre Apolo e Dionísio. Recortes filosóficos, ressonâncias psicanalíticas. São Paulo: Edições Loyola/Unicap, 2010 (p. 113-134).

[6] Jürgen Moltmann. Ética da esperança. Petrópolis: Vozes, 2012.

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