Unicap concede título de Doutor Honoris Causa ao ministro Camilo Santana

A Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) realizou, no auditório G1, uma sessão solene para a outorga do título de Doutor Honoris Causa ao ministro da Educação, Camilo Santana. A honraria, a mais elevada concedida por uma instituição universitária, reconhece a trajetória pública do homenageado e sua contribuição para a educação brasileira, especialmente no fortalecimento de políticas de inclusão, equidade e qualidade do ensino. 

A mesa de honra dos trabalhos foi composta por Padre Pedro Rubens Ferreira, Reitor da Unicap; Teresa Leitão, senadora da República; Degislando Nóbrega, Pró-reitor de Graduação; Victor Marques, vice-prefeito do Recife representando o prefeito João Campos; Gilson José Monteiro Filho, secretário estadual de Educação representando a governadora Raquel Lyra; Márcia Ângela Aguiar, presidente da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj); Maria do Socorro de Mendonça Cavalcanti, reitora da Universidade de Pernambuco (UPE); Maria José de Sena, reitora da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE); e Arthur Chioro, presidente da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). 

Na abertura da solenidade, o Reitor Padre Pedro Rubens destacou o significado institucional e simbólico do momento ao registrar a satisfação pessoal por concluir sua missão de 20 anos à frente da Reitoria com atos dessa natureza. Segundo ele, a Unicap reafirma, com a homenagem a Camilo Santana, a centralidade da articulação entre ensino, pesquisa, extensão e inovação, em diálogo permanente com o Ministério da Educação e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. “Para a nossa região o momento histórico não poderia ser mais expressivo, pois Camilo e Luciana apoiam, participam e reforçam o projeto político liderado pelo nosso presidente Lula. Três nordestinos a serviço do Brasil”, disse ele relembrando que no dia anterior a honraria foi concedida à ministra Luciana Santos. 

Em um discurso de tom narrativo e autobiográfico, Padre Pedro Rubens situou a trajetória do ministro no contexto das transformações educacionais do país, com especial atenção ao Nordeste. Ao lembrar sua própria experiência como educador e gestor universitário, afirmou que a consolidação das universidades comunitárias, reconhecidas pela Lei nº 12.881/2013, representa uma invenção brasileira que complementa o sistema público estatal e contribui para ampliar o acesso ao ensino superior. “Nós temos uma invenção: a invenção comunitária. Não existe em lugar nenhum do mundo. A gente fez o terceiro setor da educação superior que só existe no Brasil”, afirmou, defendendo a valorização desse modelo pelo Estado. 

O Reitor também destacou a experiência cearense na educação básica como exemplo concreto do impacto das políticas públicas lideradas por Camilo Santana enquanto governador. Ao relatar a transformação de comunidades do interior, ressaltou a expansão das escolas de tempo integral, a valorização dos educadores e a articulação federativa com os municípios. “Trata-se aqui sobretudo de reconhecer, em nome dessa pequena comunidade, a grandiosidade da gestão do então governador Camilo Santana, que transformou o Ceará de ponta a ponta”, afirmou. 

O panegírico do homenageado foi proferido pelo Pró-reitor de Graduação, Degislando Nóbrega, que ressaltou que o título de Doutor Honoris Causa “ultrapassa a cronologia de uma carreira e penetra o campo do legado”. Para ele, a trajetória de Camilo Santana se confunde com a história recente da educação cearense e brasileira, marcada por planejamento, diálogo e compromisso com a dignidade humana. “No parlamento, na administração pública e sobretudo como governador do Ceará, sua biografia se confundiu com a própria história recente da educação daquele estado”, afirmou. 

Degislando Nóbrega destacou quatro dimensões centrais da atuação do ministro: a transformação estrutural da educação básica no Ceará, com políticas de alfabetização e escolas de tempo integral; a convergência entre rigor técnico e sensibilidade social na gestão pública; a reconstrução institucional do Ministério da Educação a partir do diálogo federativo e da valorização do conhecimento científico; e o papel de Camilo Santana como intelectual público, articulador de pactos educacionais. “Em tempos de polarização, sua trajetória reafirma a educação como espaço de encontro, diálogo e construção coletiva do futuro”, disse. 

Nos momentos finais da solenidade, o ministro Camilo Santana imprimiu ao discurso um tom ao mesmo tempo pessoal e programático, conectando a honraria recebida ao sentido mais amplo de sua trajetória na vida pública. Ao agradecer à Unicap, ele afirmou receber o título “com a clara compreensão de que ele transcende a minha trajetória individual” e ressaltou que via naquela distinção “um reconhecimento ao trabalho coletivo que vem sendo realizado à frente do Ministério da Educação, em diálogo permanente com as universidades públicas e privadas, institutos federais, educadores, estudantes e gestores comprometidos com a reconstrução e o fortalecimento da educação brasileira”.  

Para o ministro, a homenagem reforça uma escolha feita ainda cedo em sua vida: “Eu sempre digo que aprendi com meu pai que, na vida, ou a gente é construtor ou é espectador. Eu decidi ajudar a construir o melhor, porque não há outra forma de construir um país mais solidário, mais humano e mais justo se não for através da política, porque tudo é decisão política na vida”. 

Ao refletir sobre os desafios enfrentados desde que assumiu o Ministério da Educação, Camilo Santana destacou o processo de reconstrução institucional após um período de forte fragilização da pasta. “É impressionante como desconstruíram aquele ministério em todos os aspectos: orçamentário, de pessoal, de formação e, acima de tudo, no aspecto do diálogo federativo”, afirmou.  

Segundo ele, a recomposição do MEC exigiu restabelecer o regime de colaboração entre União, estados e municípios, uma vez que “eu não acredito em nenhuma política pública que seja construída de cima para baixo; ela precisa ser construída coletivamente, ouvindo os entes federados, a sociedade, os professores e os alunos”. O ministro lembrou que as universidades federais enfrentaram “os piores orçamentos da história” no período anterior e citou avanços recentes, como a autorização de novos cargos após anos, a retomada de contratações e o enfrentamento de obras paralisadas há mais de uma década. “Destruir é muito fácil. Reconstruir é tijolinho por tijolinho”, sintetizou. 

Encerrando sua fala, Camilo Santana associou a responsabilidade do título recebido ao compromisso renovado com a redução das desigualdades e com a centralidade da educação como projeto nacional. “Assumir a missão de conduzir o Ministério da Educação é assumir o compromisso com a redução das desigualdades, com a valorização dos professores, com o acesso, a permanência e a qualidade, com equidade em todos os níveis de ensino. É acreditar que a educação é, antes de tudo, um projeto de país”, declarou.  

Ele afirmou que a outorga do Doutor Honoris Causa amplia sua responsabilidade pública: “Essa homenagem eu vou guardar com muito carinho, mas ela aumenta ainda mais a minha responsabilidade, porque nós estamos aqui de passagem pela vida para dar uma contribuição”. Ao reafirmar a importância das universidades comunitárias, anunciou que o decreto de regulamentação do setor já estava com o Presidente da República, após mais de uma década de espera, e concluiu renovando o compromisso com instituições “fortes, críticas, inclusivas e socialmente comprometidas” como condição para a construção “de um país mais justo, democrático e solidário”. 

A solenidade – O homenageado Camilo Santana entrou acompanhado do coordenador do curso de Ciências da Religião, Prof. Dr. Luis Carlos de Lima Pacheco; da coordenadora do curso de História, Profª Drª Maria do Rosário da Silva; da coordenadora dos cursos de Física, Matemática e Química, Profª Drª Edjane Oliveira dos Santos Cavalcanti; da coordenadora dos cursos de Letras e Pedagogia, Profª Drª Flávia Tavares da Costa Ramos; e do coordenador do curso de Filosofia, Prof. Dr. Padre Marcos Gomes.  

O público foi recebido ao som do grupo MPB Unicap e, ao final da solenidade, uma orquestra de frevo regida por Gil Amâncio animou a todos com muito frevo.   

📌 Registro de presenças 

1. Sérgio Torres – Desembargador do Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região (TRT-6) 

2. Cecília Cruz – Secretária de Educação do Recife 

3. Liana Cirne – Vereadora da Cidade do Recife 

1. Marcelo Santa Cruz – Ex-vereador de Olinda - irmão de Fernando Santa Cruz, que dá nome ao Diretório Acadêmico de Direito 

4. Ivete Caetano – Presidente do Sintep / Confederação Nacional dos Trabalhadores 

5. Padre Delmar Cardoso – Vice-reitor da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) 

6. Padre Carlos Fritzen – Pró-reitor Administrativo da Unicap e futuro Reitor 

7. Padre Lúcio Flávio – Coordenador do Instituto Humanitas da Unicap 

8. Padre Fábio Potiguar – Capelão da Igreja das Fronteiras 

9. Gildo Galindo – Coordenador-geral das Pós-graduações, Pesquisa e Extensão da UNIFAFIRE 

10. Ana Abrantes – Diretora de Formação Profissional da Fundaj 

11. José Amaro Barbosa – Chefe de Gabinete da Fundaj 

12. Carla Veloso – Coordenadora-geral de Comunicação e Mídia da Fundaj 

13. Danilo Vaz Curado – Assessor da Escola de Educação e Humanidades da Unicap