Abertura do XII Colóquio de Ética e Filosofia Política debate os desafios éticos e existenciais do século XXI
Daniel França
Publicado 06/05/25
Abertura do XII Colóquio de Ética e Filosofia Política debate os desafios éticos e existenciais do século XXI
Publicado Por: Daniel França
A Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) abriu nesta terça-feira (6) o XII Colóquio de Ética e Filosofia Política com um chamado à reflexão profunda sobre os dilemas contemporâneos que marcam o nosso tempo. Com o tema "Política, Fraternidade, Ecologia Integral e Esperança: Novos desafios para a ética e filosofia política no século XXI", o evento é promovido pelo curso de Filosofia em parceria com o Instituto Humanitas Unicap e reúne pensadores e estudantes para discutir os fundamentos éticos e políticos da convivência humana diante de um cenário global marcado pela crise ecológica, o avanço do individualismo e a cultura do medo.
Os painéis intitulados “Entre o medo e a esperança: um debate sobre o contemporâneo” e "Foucault e a coragem da verdade" reuniram reflexões das professoras Maria de Fátima Batista Costa e Ângela Fernandes Baía, ambas da Faculdade Esuda. A moderação ficou por conta da professora Martha Solange Perussi, do curso de Filosofia da Unicap.
O espírito da esperança contra a sociedade do medo
A professora Maria de Fátima Batista Costa trouxe uma análise crítica a partir do livro O Espírito da Esperança – Contra a Sociedade do Medo, do filósofo sul-coreano Byung-Chul Han. Em sua exposição, ela traçou um panorama do pensamento do autor, que propõe uma reabilitação da esperança como força ativa e transformadora, capaz de nos mobilizar mesmo em tempos sombrios. Segundo ela, Han dialoga com nomes como Friedrich Nietzsche, Hannah Arendt, Ernst Bloch e Erich Fromm, refletindo sobre como o medo vem sendo utilizado como mecanismo de controle social.
“Byung-Chul Han vai dizer que a contemporaneidade é uma época onde a cultura do medo é um produto de primeira linha. Inclusive, ela é um dos produtos que melhor vende”, afirmou a professora. Ela destacou como o autor enxerga o crescimento de um “comportamento apocalíptico”, uma espécie de fascínio coletivo por narrativas de catástrofe que nos paralisam.
Apesar disso, segundo ela, Han aponta para a esperança como um elemento anterior à ação, que nos impulsiona a agir: “Ele faz uma crítica do que esses autores apresentam e propõe a ideia de que precisaríamos de uma construção de uma política da esperança e uma teoria da esperança. Contra a política do medo, a esperança é aquilo que nos impulsiona à ação”, explicou Maria de Fátima.
Ela também comentou como Hannah Arendt compreende a esperança como uma espécie de resistência ao medo, especialmente diante das experiências extremas do século XX, como as guerras mundiais e a ameaça nuclear: “Pela primeira vez, nós pudemos construir instrumentos, dispositivos que põem em ameaça o próprio planeta”, lembrou a palestrante, citando as palavras da filósofa.
Cuidado de si e a coragem da verdade
Em seguida, a professora Ângela Fernandes Baía abordou o pensamento de Michel Foucault, com foco no conceito de “coragem da verdade” – tema do último curso ministrado pelo filósofo francês no Collège de France. Partindo da relação entre sujeito, verdade e ética, ela explorou a noção grega do cuidado de si, enfatizando que esse cuidado é mais fundamental do que o simples conhecimento de si.
“Mais importante do saber de si, é o cuidado de si”, destacou Ângela Baía. Ela propôs uma reflexão sobre a necessidade de deslocarmos o olhar do mundo externo para o interior: “Significa que a gente precisa fazer uma prática de voltar-se para si. Existe uma regra geral que é ocupar-se consigo mesmo, respeitar-se, ser amigo de si mesmo, gostar de estar na sua própria companhia, permanecer em si mesmo”.
Para a professora, esse movimento implica um exercício constante, um retorno diário ao próprio centro ético do indivíduo. Ela ressaltou como esse cuidado é também uma prática política, pois só quem se cuida pode verdadeiramente cuidar dos outros — ideia inspirada na figura de Sócrates como modelo de ética e verdade.
A palestra também abordou o conceito foucaultiano de parresía, ou a “coragem de dizer a verdade”, presente nas figuras do profeta, do sábio e do técnico: "Existe um dizer verdadeiro na profecia, naquele que professa, naquele que é um profeta, naquele que é sábio, e que ele vai fazer uma mediação a partir do oráculo de encontrar o dizer verdadeiro, mas ele está mediado pelos deuses. Há uma mediação entre os homens e os deuses. O sábio não é obrigado a professar sua sabedoria. Se ele quiser, ele faz, certo? Mas o Foucault está mostrando para a gente que existem as modalidades, aquele que faz a profecia, o profeta, o sábio, o técnico, que pode ser um professor, que pode ser um médico, que tem conhecimentos e vai iniciar alguém, porque ele tem conhecimentos e vai fazer a pessoa aprender, ser iniciada em alguma coisa”, disse a professora, apontando para os riscos da instrumentalização do discurso verdadeiro na política.
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