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A importância de cuidar da saúde mental em tempos de confinamento
A pandemia do novo Coronavírus, que provoca a doença Covid-19, mudou a rotina da humanidade. Em poucos meses, os hábitos, as atividades e a rotina ao redor do mundo tiveram de se adaptar ao confinamento social. A medida drástica, recomendada pela Organização Mundial de Saúde e seguida pelas autoridades sanitárias de dezenas de países, estados e cidades, é justamente para evitar aumento no número de casos da enfermidade.
A nova realidade do confinamento social é uma situação imprevisível: pode durar dias, semanas ou meses. O fato é que o vírus permeou vários aspectos da vida, além dos campos biológico, econômico e social outro merece igual atenção: o da saúde mental. Como cuidar dela nesses tempos de confinamento? O Boletim Unicap conversou com especialistas e pesquisadoras da área de Psicologia da Católica e aponta outras fontes de informação na tentativa de ajudar a responder a essa questão.
Para a coordenadora do Laboratório de Psicologia Clínica Fenomenológica (Laclife) e docente do Programa de Pós-graduação em Psicologia da Unicap (PPGPsi), Drª Carmem Barreto, o mais importante neste momento é manter em casa uma rotina mas parecida possível com a que se tinha antes do confinamento. É preciso tentar estabelecer horários para o trabalho, atividades físicas e domésticas. Outro ponto importante destacado pela pesquisadora é a manutenção do contato com os familiares e amigos mais próximos, seja pelos meios digitais ou simplesmente pelo telefone.
“Isso faz com que nos mantenhamos conectados com as pessoas queridas e com o que está acontecendo. Não entrar em pânico e ficar atento às informações das instituições sanitárias também é muito importante, além de ler livros, assistir a filmes e conversar sobre eles”.
Os idosos e crianças requerem atenção especial nesse período por serem de uma faixa etária mais sensível aos acontecimentos. “No caso dos idosos é estimulá-los com música, possibilidade de leituras, a família entrar em contato. É preciso integrar os idosos às atividades que forem possíveis e desde que resguardem as suas condições de saúde. Eles devem se sentir úteis.”
Já para a as crianças a orientação é focar na disciplina com horários para cada atividade. “O essencial é manter uma rotina com hora para estudar, hora para brincar, hora para assistir televisão, conversar com os familiares, interagir com os pais, com os irmãos. A rotina da família tem que ser mantida. Eu sei que está difícil para os pais que estão sobrecarregados de tarefas, mas que esses pais possam parar um pouco e compartilhar em família refeição em comum, sentar à noite para ver algum programa…tentar compartilhar com elas, na medida do nível de compreensão delas, o que está acontecendo”.
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Adaptação do Jornal da USP. Fonte: Christian Ingo Lenz Dunker – professor e psicanalista do Instituto de Psicologia da USP
Atendimento – No caso de quem vive sozinho ou não tem filhos, segurar essa onda também não tem sido nada fácil. E quando a coisa apertar, nada de sofrer escondido e sim procurar ajuda. O Conselho Federal de Psicologia autorizou o atendimento profissional online nesses tempos de pandemia. Alguns profissionais estão atendendo voluntariamente, respaldados pelo código de ética dos psicólogos que permite a eles “prestar serviços profissionais em situações de calamidade pública ou de emergência, sem benefício pessoal”, como diz um trecho do artigo 1º que trata dos deveres fundamentais da profissão.
A psicóloga Dalva Chaves Pereira, aluna do PPGPsi, abriu voluntariamente um canal para quem busca atendimento gratuito. Em quase uma semana, foram 31 agendamentos em regime de plantão. Funciona assim: a pessoa entra em contato pelo WhatsApp ou Instagram e agenda. O atendimento de plantão acontece em sessão única de 1h30, o que não quer dizer que não possa haver uma volta. “As queixas são de ansiedade, pânico, medo, taquicardia e sudorese que são questões muito ligadas ao isolamento social da pandemia”, explica Dalva.
Ela chama a atenção para o ineditismo da situação que é marcado ainda pela incerteza. “O momento é de muita adaptação e flexibilidade. Não dá para ser muito exigente consigo, nem com os outros. Não produzir, não conseguir se concentrar, sobretudo nos estudos que são uma demanda recorrente, é um momento de não fazer. Se não dá conta de fazer, não faça”, analisa Dalva que também defende a manutenção de atividades de rotina. Ela aponta ainda que, quem puder, aproveite o momento para fazer cursos online ou atividades prazerosas. “A grande questão agora é conseguir enxergar as possibilidades e tentar trazê-las para a realidade”.
Outra orientação da psicóloga para evitar a ansiedade é tentar pensar no agora sem fazer projeções. “Trazer a situação para o presente, reconhecê-la, assumir o protagonismo da própria vida e construir esse caminho. A depressão tem uma conexão muito com aquilo que já foi, não que isso seja menos importante, mas à medida que a gente começa a pensar no agora, em caminhos, em alternativas…esse olhar tem o potencial de fazer sair da depressão”.
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