Simpósio apresenta conceitos arquitetônicos do Eco Parque das Religiões

O segundo dia do Simpósio “Francisco, o Papa, o Santo e o Eco Parque das Religiões” começou na manhã desta quarta-feira (11) com as boas vindas dos representantes das instituições parceiras do projeto do Eco Parque das Religiões.

Fizeram parte da mesa o Reitor da Unicap, Padre Pedro Rubens; o Guardião do Convento de São Francisco, Frei César Lindemberg; e o diretor-presidente do Instituto Parque das Religiões, Sérgio Ferreira. A vereadora do Recife, Cida Pedrosa (PCdoB), foi a convidada especial para falar sobre o seu projeto de lei que institui o Dia da Ecologia Integral, a ser celebrado em 4 de outubro.

Em seu discurso, Padre Pedro fez um resgate de pouco mais de um ano da parceria que está desenvolvendo aquele que será o primeiro parque das religiões do Brasil. Ele também relacionou o projeto com as ideias defendidas pelo Papa Francisco na encíclica Laudate Deum, considerada um aprofundamento da Laudato Sì. Um dos pontos defendidos pelo Papa é justamente o diálogo inter-religioso.

“Queremos contribuir com a formação de novas gerações para que elas não apenas tolerem as tradições religiosas, mas aprendam a conhecer, conviver e respeitar toda e qualquer diferença. Nossa maior aposta é que cada religião poderá ter uma contribuição singular e coletiva para a paz social e ao bem comum”, destacou.

O Guardião do Convento, Frei César, expressou o sentimento da comunidade de colaboradores e pesquisadores envolvidos no projeto do parque. “A gente já consegue ver que este parque ecoa também nos nossos corações, na nossa espiritualidade. E isso faz com que a gente possa ecoar esse respeito, esse cuidado com a Criação”.  

Na sequência, o diretor-presidente do Instituto Parque das Religiões, Sérgio Ferreira, explicou os fundamentos que norteiam os conceitos do Parque a partir da relação Ciência e Religião e História. Entre eles a de que a Ciência e a Fé hoje dialogam e procuram promover o potencial humanizante das religiões e que a ¿Ecologia Integral e o ecumenismo amplo se unem em defesa da vida. “O turismo religioso possibilita outras visões do mundo e os museus ampliam o horizonte da educação”, frisou.

Ele destacou ainda que o Eco Parque das Religiões não é um museu católico ou de religiões associadas e sim “um projeto de educação para o diálogo intercultural e inter-religioso, em defesa da Casa¿Comum da humanidade. Nenhuma religião terá uma sala específica, a abordagem temática será transversal, visando promover uma sociedade pluralista, multicultural, miscigenada e democrática”, pontuou.

O Parque contará com tendas temáticas com exposições de longa duração. Também haverá área destinada a administração, lojas, praça de alimentação, anfiteatro e biblioteca especializada. Antes das mesas temáticas, o público assistiu a um depoimento em vídeo do monge beneditino Marcelo Barros, que também deu as boas-vindas ao projeto. “Vejo com muita alegria essa escuta, acolhida dos povos indígenas e populações negras, até por uma questão de justiça já que foram espiritualidades que sofreram tentativas de apagamento ao longo do tempo”.

A programação da manhã terminou com duas mesas redondas. Na primeira delas, as professoras do curso de Arquitetura e Urbanismo da Unicap, Andréa Storch, Vera Freire e Hugo Bressani apresentaram os conceitos arquitetônicos do Eco Parque.

Depois, os museólogos Henrique Cruz (Fundaj), Lúcia Ramos (Museu de Artes Afro-Brasil Rolando Toro – Muafro) e Renato Athias, professor da UFPE, compartilharam suas experiências e deram dicas sobre curadoria que podem ser úteis ao Eco Parque das Religiões, a exemplo de expo grafia de plantas sagradas. Eles foram unânimes em destacar como positivo o caráter dialógico do futuro museu.

“Fiquei muito feliz. Esse Eco Parque perpassa a ideia de que esteja presente ali tudo o que foi Pernambuco, Olinda e Recife”, disse Renato Athias, que é antropólogo especializado na gestão de coleções etnográficas, sobretudo na questão de repatriação de objetos de povos indígenas.