Abertura da 17ª Semana da Consciência Negra na Unicap destaca resistência e protagonismo do movimento negro na democracia e literatura - Unicap
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Abertura da 17ª Semana da Consciência Negra na Unicap destaca resistência e protagonismo do movimento negro na democracia e literatura
Abertura da 17ª Semana da Consciência Negra na Unicap destaca resistência e protagonismo do movimento negro na democracia e literatura
A abertura da 17ª Semana da Consciência Negra da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) reuniu figuras importantes da luta antirracista e do movimento negro para debater o tema “Negritude, política e escrevivência: tecendo novas histórias”. O evento, realizado no auditório Dom Helder Camara, teve como destaque as palestras do Padre Clóvis Cabral, fundador do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (Neabi) da Unicap, e da escritora e professora Odailta Alves, que discutiram a importância da resistência negra na construção da democracia e na cultura brasileira.
A democracia sob ataque e o protagonismo do movimento negro
Participando virtualmente de Salvador, Padre Clóvis Cabral analisou o cenário político atual, embasando sua fala no livro Como Morrem as Democracias, de Steven Levitsky e Daniel Ziblatt. O Doutor Honoris Causa pela Unicap destacou o papel das fake news e da intolerância como armas usadas para corroer as democracias modernas, apontando que “a democracia está sob ataque, e os inimigos da democracia agem de dentro, utilizando suas próprias instituições para subvertê-la”.
Para ele, a exclusão social e racial no Brasil está intimamente ligada ao enfraquecimento dos princípios democráticos: “No Brasil, a pobreza tem a cara preta. Essa desigualdade estrutural, gerada pelo racismo e perpetuada pelo sistema, é uma ameaça real à nossa democracia. A verdadeira democracia só existe quando há justiça social, e no Brasil, a população negra segue sendo a mais afetada pela pobreza e pela exclusão”, declarou.
Padre Clóvis também relembrou o impacto do Movimento Negro Unificado, destacando o ato de 1978 em São Paulo como um marco da resistência negra. “O movimento negro tem sido uma escola política e pedagógica para o Brasil. Somos protagonistas na luta pela reconstrução democrática”, ressaltou. Ele defendeu que a existência do movimento negro foi o que impulsionou a construção de uma democracia mais inclusiva no país: “Existe democracia entre nós porque o povo negro se colocou em movimento para conquistá-la.”
Escrevivência e a quebra de estereótipos na literatura
A escritora Odailta Alves trouxe reflexões profundas sobre a representação do negro na literatura, destacando o conceito de “escrevivência” — uma escrita que expressa as vivências reais da população negra. Segundo Odailta, a literatura brasileira tradicional construiu uma imagem estereotipada e violenta do negro, um retrato que perpetua o racismo na sociedade. “Historicamente, a literatura branca foi construída por homens brancos e trouxe sua visão de mundo, onde a pessoa negra era retratada como inferior, estereotipada, sem direito a afeto ou dignidade”, comentou.
Ela destacou o impacto desses estereótipos na formação de uma sociedade racista, mencionando personagens como o Saci de Monteiro Lobato. “Esse personagem infantilizou e desumanizou a criança negra, criando um imaginário que ainda hoje afeta a autoestima e a visão social dos corpos negros”, afirmou. Em seu novo livro, Odailta traz um olhar diferente, no qual personagens negras expressam amor, prazer e complexidade: “Será que estamos prontos para ver personagens negros que não estejam sofrendo? Nós estamos cansados de só chorar. Queremos ver nossos corpos em narrativas que tragam o direito de amar, de viver plenamente”, destacou.
Para ela, é fundamental que as novas gerações, especialmente as crianças negras, vejam personagens que representam suas vivências de maneira positiva e realista. “Escrevo para que a juventude negra encontre na literatura um espaço de reconhecimento e orgulho. É sobre o direito de quebrar silenciamentos, de existir e contar nossas próprias histórias”, concluiu.
O papel da universidade e a importância da reflexão coletiva
A professora Valdenice José Raimundo, Pró-reitora de Pesquisa e Pós-graduação da Unicap e uma das coordenadoras do Neabi, exaltou o papel transformador do núcleo, que reúne jovens comprometidos com a luta antirracista e o fortalecimento da democracia. “Temos muito que agradecer a esse grupo jovem do Neabi, que nos ajuda a manter viva essa discussão e nos inspira diariamente”, disse Valdenice. Ela reforçou a necessidade de introspecção e reflexão para identificar o racismo enraizado na sociedade e em cada indivíduo: “É uma pergunta que todos devem fazer: onde o racismo está escondido dentro de nós? O racismo é estrutural, ele está presente em nossas ações e atitudes, e precisamos identificar isso para evitar reproduzir essa lógica que mata.”
Valdenice aproveitou para agradecer a presença de Odailta Alves e de Padre Clóvis, reforçando o valor do trabalho desenvolvido por ambos para a luta antirracista no Brasil. “Padre Clóvis é uma referência para nós, alguém que iniciou essa caminhada e nos inspira a seguir firmes”, declarou, lembrando que a Universidade tem papel crucial no acolhimento e fortalecimento dessas discussões.
Celebração e homenagens
O evento de abertura contou ainda com apresentações culturais, como a participação do grupo de capoeira Chapéu de Couro, que trouxe energia e tradição à solenidade. A mesa de abertura foi composta pelo Vice-reitor, Padre Delmar Cardoso (no exercício da Reitoria), pelo Pró-reitor de Graduação, Degislando Nóbrega, e pelo coordenador do Instituto Humanitas Unicap, Padre Lúcio Flávio Cirne, que destacaram a importância do evento para a comunidade acadêmica e a sociedade.
Foram realizadas homenagens a figuras relevantes para a instituição e para o movimento negro, incluindo a entrega de certificados e flores ao Reitor Padre Pedro Rubens, representado pelo Padre Delmar; à Irmã Rozário, coordenadora da Semana da Mulher na Unicap e integrante do Instituto Humanitas Unicap (IHU); ao próprio Padre Clóvis Cabral; e ao Coletivo Sargento Perifa, que atua na comunidade do Córrego do Sargento, no Recife, promovendo projetos voltados à inclusão e ao fortalecimento comunitário.
Ao final da solenidade, Valdenice reforçou a importância do momento: “Que tudo o que ouvimos hoje nos ajude a sermos melhores humanos. Este é um convite para a mudança de atitude, para que possamos construir um mundo mais justo e verdadeiramente democrático”, finalizou a Pró-reitora.
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