Colação de Grau Unicap: Pronunciamento do Reitor - Unicap

Título Notícias

Colação de Grau Unicap: Pronunciamento do Reitor

Publicado Por: Francisco Secchim Ribeiro

Recife, 5 de setembro de 2022

A noite de hoje foi muito esperada, por vocês, por seus familiares e amigos, por todos nós que fazemos a Unicap. Expectativa maior ainda porque, nesses últimos dois anos e meio, fomos marcados pela convivência com a pandemia mundial e, não somente as atividades acadêmicas tiveram que ser remotas, mas até mesmo as conclusões de curso. Esta colação de grau é a primeira na forma presencial, desde o início da pandemia. Nossa alegria não poderia ser maior, com todos os cuidados necessários e as novas lições que precisamos incorporar em um novo estilo de vida.

Por um lado, temos o orgulho de dizer que a Unicap não atrasou nenhum de seus compromissos acadêmicos: a Católica de Pernambuco foi a única universidade do Estado a manter o ano letivo, fazendo uma virada de chave do presencial para o remoto em apenas uma semana, não atrasando nenhuma conclusão de curso, inclusive a de vocês. Por outro lado, tivemos que mudar tudo: não apenas fizemos adaptações, mas, aproveitamos para fazer mudanças em nossa estrutura acadêmica e administrativa. Aprendemos muito nesse tempo e, apesar das dificuldades e superações, agora estamos no tempo de retomada das atividades presenciais, aprendizado da experiência e olhando com esperança ativa para o futuro, na perspectiva de celebrar os 80 anos, em 2023, com plena vitalidade.

Há um momento, porém, em que percebemos que as perguntas nos deixam mais perto do sentido do que as respostas, como disse José Tolentino Mendonça, poeta da Ilha da Madeira, hoje um dos cardeais escolhidos pelo Papa Francisco. Ele encontrou essa inspiração em uma poeta bem nossa, Clarice Lispector. Busquemos, pois, o sentido do que vivemos nesse tempo de formação universitária, partilhando as perguntas que temos no coração como pistas de um novo sentido de vida.

A pandemia não acabou, mas já precisamos tirar lições de vida: Como fazer de um tempo tão difícil, uma experiência marcante de superação e mudar nossa maneira de viver? Como reaprender ou reinventar a arte do encontro? Como ressignificar a nossa existência, depois dessa experiência vivida pela humanidade em geral e por cada uma de nós em particular?

Antes de tudo, não podemos perder a memória triste dessa experiência que deixou marcas. Apesar do avanço das vacinações, só no Brasil, oficialmente, quase setecentas mil pessoas partiram. Do ponto de vista da ciência e da saúde pública, dos nossos cursos de saúde e das análises dos dados oficiais, podemos afirmar que, infelizmente, houve muita negligência governamental, além da instabilidade no Ministério da Saúde que atrapalhou um plano responsável e eficaz de vacinação, condizente com a estrutura do SUS e com a expertise do Brasil na cultura de vacinação em massa. Além do percentual de vidas que poderiam ser poupadas, e isso não pode ser relativizado, muitas outras perdas e traumas agravam a situação de saúde pública, inclusive no momento atual: há muita gente machucada e ferida, de corpo e alma, sem falar nos graves déficits educacionais. De uma parte, temos que fazer esse luto, solidário com a dor da humanidade e de tantas famílias brasileiras, sensíveis, sobretudo, aos empobrecidos e esfomeados que se multiplicam, e, por outro lado, precisamos agir de forma criativa e determinada para dar nossa contribuição a curto e médio prazos. Diante da insuficiência do Estado, a sociedade civil multiplicou os programas de solidariedade e cresceu o voluntariado em todo o país. Nós fazemos parte dos sobreviventes e, proporcional à alegria de termos superado essa experiência dolorosa, deve ser a nossa responsabilidade ativa, sobretudo com os mais necessitados.

A pandemia, antes de ampliar essas demandas humanitárias, revelou as antigas mazelas de uma sociedade globalizada e injusta, além de evidenciar questionamentos sobre o nosso estilo de vida: convivíamos, quase naturalmente, com desigualdades sociais, violências históricas e exploração degradante do meio ambiente. Por isso, não podemos simplesmente voltar à antiga normalidade. O mundo está em risco, a humanidade está ameaçada e o nosso país não está nada bem...

Mas, como diz o samba de Ivan Lins, “desesperar jamais, aprendemos muito nestes anos. Afinal de contas não tem cabimento, entregar o jogo no primeiro tempo”. Não se trata, porém, de esperar, mas de esperançar: como disse Paulo Freire, esperança não é esperar, mas uma ação, um verbo, trata-se de levantar-se, de caminhar e de lutar. Aliás, o patrono da educação, Paulo Freire, e inspirador da criação da Unicap, Santo Inácio de Loyola, convergem em uma máxima: a educação não muda a realidade, mas pode transformar as pessoas; somente estas podem transformar o mundo. Ora, vocês foram transformados pela educação recebida, e, independentemente da origem social, vocês agora fazem parte de uma elite, não somente gerando muitas expectativas, mas também muita esperança. Então, façam a diferença, vivam diferentemente, sejam diferentes... sejam quem vocês querem ser!

Além do concurso de circunstâncias pessoais que levaram vocês a ingressar na Católica de Pernambuco, importa agora perceber o valor de uma experiência diferenciada. Muitos de vocês, mesmo depois de ter conseguido ingressar, tiveram que superar obstáculos de diferentes tipos, como bem indicam questões que não querem calar.

Por que tão poucos jovens brasileiros chegam à universidade? Por que muitos desistem, mesmo com bolsa integral? Por que só alguns têm acesso a instituições públicas e gratuitas? Porque outros tantos precisam custear a própria formação, mesmo com sacrifícios de toda a família? Por que tão poucas pessoas negras e indígenas na educação superior, poucos estudantes e professores? Por que as mulheres precisam ainda brigar por um lugar na sociedade, defender-se dos agressores e carregar o peso de uma sociedade machista, patriarcal e racista como a nossa?

Mais que responder perguntas, nossa missão de educadores é contribuir no desenvolvimento da liberdade e da autonomia de cada pessoa para que ela possa construir o sentido de sua vida, mediante a elaboração de novas perguntas, em diálogo aberto às diversas mentalidades e questionamentos. No entanto, no meio de tantas perguntas, guardo algumas convicções: primeiramente, concluir um curso universitário atravessando uma crise sanitária como a da Covid 19 significa uma experiência de superação que marcará suas vidas; em segundo lugar, vocês serão os profissionais de um mundo pós-pandemia, de um mundo pós-guerra, de outro mundo possível; enfim, ninguém estuda na Unicap por acaso...

Cada pessoa há de descobrir as razões que alimentam a sua experiência, mas vou arriscar algumas pistas: vocês estudaram na primeira universidade católica do Norte e Nordeste, única de tradição jesuíta nessas regiões, marcada por uma sólida formação humanista e que alcançou a nota máxima no MEC. Essa qualidade acadêmica visa à excelência humana. Em vista da humanização da própria humanidade, a universidade inspira-se na fé cristã, mas em diálogo com a diversidade de religiões e culturas. Graças à sua finalidade pública, essa instituição de direito privado, caracteriza-se como uma universidade comunitária, segundo a lei e conforme o espírito da inclusão social. Enquanto verdadeira universidade brasileira, a Unicap distingue-se pela qualidade do Ensino, pertinência da Pesquisa e incidência da Extensão e ousadia na Inovação. Recordei esses valores como forma de agradecer a todos os meus colegas de trabalho que fazem dessa universidade uma missão de vida, mas também para declarar que tudo isso está inscrito, em filigrana, no diploma que vocês receberão, digital ou físico, reconhecido no mundo inteiro e válido por toda a vida.

Para concluir, enfim, um pleito de gratidão e um convite aberto...

Gratidão aos pais e familiares que investiram no sonho de cada um de vocês e que confiaram à nossa universidade essa missão que hoje se cumpre. Tanto eles como nós podemos dizer, juntos e agradecidos, orgulhosos de vocês: missão cumprida! Engana-se, porém, quem considera a conclusão de um curso universitário um simples ponto final: agora mesmo outro ciclo começa; e, hoje, mais que nunca, é preciso atualizar os conhecimentos o tempo todo e reinventar constantemente a nossa vida pessoal e profissional. Cada dia recebemos mais estudantes não somente para a pós-graduação, mas também para uma segunda formação profissional, depois de exercer a profissão e/ou combinar com outras áreas de conhecimento. A busca do conhecimento poderá até ser pessoal, mas cada vez precisamos de uma experiência coletiva de interação, conectividade e troca de saberes.

Por isso, só posso terminar esse pronunciamento com um convite: a Unicap continua com as portas e os jardins abertos para acolher vocês: voltem para fazer uma pós-graduação, para rever ou encontrar pessoas no “Café com quê?” ou nos quiosques populares da Rua do Lazer, nas tapioqueiras... E, se nada disso for motivo suficiente para vocês voltarem, lembrem-se do pavão e dos patos e, passem de vez em quando por aqui, porque eles ficaram com saudades de vocês por dois anos e, agora que voltaram, vão “desaparecer” e eles não vão entender...

Em nome das saudades de vocês e das nossas, minhas últimas palavras são: sejam todos bem-vindos e bem-vindas à Universidade Católica de Pernambuco. A partir de agora, olhando para vocês, sinto saudades do futuro! Até breve e, muito obrigado!

Pedro Rubens, SJ

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